segunda-feira, 9 de setembro de 2013

QUEM QUER SER BILIONÁRIO?

Os três irmãos herdeiros de Roberto Marinho têm se destacado porque foram classificados, pela revista Forbes, como três das dez pessoas mais ricas do Brasil - e entre os 130 do mundo. Divididos, cada um tem R$ 17 bilhões e alguns milhões de casas decimais; somados, chegam a mais de R$ 51 bilhões. Este valor é maior do que toda a riqueza produzida em um ano (PIB) por cerca de 70 países do mundo.

Engana-se, no entanto, quem vê nessa informação exemplos de "self-made men", como se tivessem conquistado tal patrimônio com muito trabalho. O mercado de TV, na linha do “capitalismo à brasileira”, deixa claro o grau de cumplicidade entre governos e o capital privado e de que forma os empresários dependem do Estado, que tanto atacam, para sobreviver. Para tanto, há boas doses de retroalimentação e mesmo de coincidência de interesses – cerca de 30% dos senadores e de 10% dos deputados são donos de mídia.

Anedótico, o início da TV por aqui se dá em 1950, com o contrabando de aparelhos por Assis Chateaubriand, que logo presentou o presidente Dutra com um exemplar. Em seguida, veio a Globo (1965), que cresceu à sombra da Ditadura Civil-Militar (1964-1985), que lhe garantiu a infraestrutura de rede. Em troca, houve um global apoio político à repressão.

Essa relação é parasitária: um levantamento da Folha de S. Paulo mostrou que, nos 18 primeiros meses, o governo Dilma Rousseff deu mais de R$ 161 milhões para a mídia comercial. Destes, o grupo Globo, sozinho, ficou com R$ 53 milhões, e a Record, com R$ 24 milhões. Isso somente da administração direta. Ainda assim, a Globo é acusada de sonegar milhões em impostos, fato que, obviamente, só é notícia no seu principal concorrente.

Em resumo, os concessionários de televisão, sobretudo os Marinho, apesar de explorar um serviço público, pouco se preocupam com diversidade e pluralidade. Mal disfarçados de “liberais” e de empresários bem-sucedidos, estão mais interessados em manter seus feudos de um capitalismo sem riscos – garantido até agora, em grande parte, por um estado muito conivente e pouco regulador.

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