sábado, 28 de setembro de 2013

COMO VOCÊ CONTA O TEMPO?

O tempo é uma realidade concreta e, ao mesmo tempo, abstrata. Ele nos envolve e mede cada instante de nossa vida. Já a criança pequena, com algum esforço, agrupa três dedinhos, proclamando que já fez três anos. Mesmo assim, temos extrema dificuldade em esclarecer o que é o tempo. Ele está ali, presente, mas ao mesmo tempo ele foge entre os dedos. Não temos a possibilidade de retê-lo, nem de prolongá-lo, muito menos de recuperá-lo. Ele é definitivo.
A própria Bíblia Sagrada ressente-se destas limitações. O livro do Êxodo conta que Moisés viveu quarenta anos no Egito, na corte do faraó. Depois foi para o deserto onde viveu mais quarenta anos para depois conduzir seu povo para Canaã, a Terra Prometida. Aos 120 anos concluiu sua missão. Mesmo assim, ele morreu jovem, se o compararmos a outros personagens bíblicos. Abraão festejou 175 aniversários, Isaac viveu 180 anos e Enoque nada menos de 365. Poucos, se comparado com seu filho Matusalém que viveu 969 anos, um pouco mais de Noé, que alcançou 950 anos.
Com esses números a Bíblia acena com a possibilidade de outra compreensão do tempo. É uma simbologia que aponta certa relatividade para o tempo: quantidade e qualidade do tempo. A experiência de cada dia ajuda a entender. Os tempos felizes voam, enquanto as horas do sofrimento se arrastam indefinidamente. Os minutos finais de um disputado jogo de futebol mostram as duas faces desta realidade.
Já que ninguém pode deter o tempo, o homem tratou de fatiá-lo. Assim falamos de dias, anos, séculos, milênios, que são compostos por fugazes minutos e segundos. Outra tentativa de compreender o tempo é mais simples. Nós o dividimos em estágios: passado, presente e futuro. O passado, a perder de vista e fora de nosso controle; o futuro, envolvido nas névoas da incerteza; e o frágil presente, superado a cada instante.
Numa visão de fé falamos em kairós, termo grego que significa o tempo de Deus ou passagem de Deus em nossa vida. Na realidade, o tempo é um presente de Deus. O objetivo é nosso amadurecimento. E o kairós é sempre atual. O tempo de Deus é hoje, é agora. Uma oliveira pode chegar a seis séculos ou mais, uma florzinha entre as pedras vive apenas o esplendor de poucas manhãs. Nem por isso a florzinha é menos perfeita.
O tempo é o espaço do amor de Deus. Com ele construímos a eternidade, onde o tempo não tem mais vez. Deus concede a todos e sempre a possibilidade de recomeçar, mas não garante a ninguém o dia de amanhã. Como não sabemos quanto tempo teremos, é inteligente viver intensamente o dia de hoje. Assim procedendo estaremos preparados para o tempo definitivo.

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