terça-feira, 17 de setembro de 2013

A INTERNET REDUZ O IDIOMA

Se este texto fosse escrito na linguagem de internet, você demoraria a metade do tempo para ler, mas talvez não entendesse nenhuma palavra. Por uma comunicação mais dinâmica, as salas de bate-papo, redes de comunicação e de relacionamento desencadearam uma revolução dos jovens, e criaram um idioma veloz como o próprio meio: o internetês.
A escrita alternativa baseia-se na aproximação da grafia à pronúncia e na eliminação de acentos. O vocabulário inclui abreviações de sílabas, simplificações e adaptação de palavras, conforme a praticidade do uso do teclado. Também se acrescentaram ícones capazes de dizer se você está contente :) ou não :( , utilizando apenas dois sinais gráficos. Para escrever “por que você tecla assim?”, utiliza-se 20 letras. No equivalente em internetês - “pq vc tc axim?” - a metade é suficiente. Tal economia dominou a internet e até mensagens de celular. O fenômeno acabou chegando às salas de aula, se não nas provas e nos cadernos, pelo menos no debate entre alunos e professores.
O uso do internetês como agilizador da comunicação é indiscutível, o que gera polêmica é a sua interferência sobre as normas cultas da linguagem. Para a professora de português e literatura Leila Mendes, os mesmos vícios de linguagem presentes na internet são comuns aos textos escolares. “Os alunos justificam que usam o internetês de forma inconsciente e automática”, afirma Leila. Ela diz que cabe à escola alertar os alunos. “A atitude ideal para evitar essa situação é usar freqüentemente a variante padrão da língua, já que ela sempre será bem aceita”, defende Leila.
O professor de português e literatura Mauro Jacob Olsen diz que os professores geralmente têm preconceito com a linguagem on line, mas aposta na flexibilidade da comunicação. “Não existe comunicação apenas dentro da linguagem culta, nem mesmo na linguagem falada. Eu digo “tu vai, tu fez” enquanto, nas normas da linguagem culta, deveria dizer “tu vais, tu fizeste”, argumenta Olsen.
Um texto escrito sob o costume da internet é praticamente ilegível a quem não é adepto ao meio. Porém, conforme Olsen, a linguagem permanece restrita à internet. “Os alunos têm consciência de que a forma culta é diferente. A linguagem da internet não aparece no que eles escrevem em aula”, explica. Ele diz ainda que os hábitos da internet facilitam o aprendizado. “Os alunos desenvolvem a criatividade, a instantaneidade e a autonomia sobre a escrita. Eles estão escrevendo como nunca”, avalia Olsen.

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