segunda-feira, 9 de setembro de 2013

DESIGUALDADE É O MAIS FORTE ALIMENTO DA INJUSTIÇA SOCIAL


Sem dar oportunidades iguais a todos, o mérito deixa de ser um critério justo de ascensão
Riqueza e igualdade social poucas vezes caminham juntas. E isso vale não apenas para países dominados por ditaduras ou monarquias absolutistas. É flagrante em nações pobres ou em desenvolvimento. O Brasil é um bom exemplo.
O crescimento econômico do século passado nunca foi repartido de forma equânime e justa. Pelo contrário. A conquista de indicadores positivos foi seguida pela aceleração da concentração de renda, o que coloca os brasileiros no topo desse ranking mundial. Cada vez menos possuem mais e cresce o contingente dos que dispõem de quase nada.
Fazer o bolo crescer para só depois distribuí-lo. A frase marcou um dos períodos econômicos da recente ditadura militar. A maioria ficou sem sequer uma migalha, mas houve quem se fartou. Vieram outros planos econômicos alardeados pela abrangência de seus efeitos, porém poucos continuaram acumulando cada vez mais.
A de renda não é a única desigualdade que permeia esse país continente, mas ela é a mais potente fonte de injustiças. A ela estão associados contrastes com os quais o país convive sem capacidade, ou interesse, de encurtá-los.
É preciso reconhecer o avanço patrocinado pelo controle da inflação e pelo aumento real da renda dos assalariados nos últimos anos. Mas ele é muito lento e tímido. Porque não ataca as raízes do problema e, mais importante ainda, não enfrenta sequer a origem de discriminações de cor e de gênero - passo elementar no caminho da construção de uma sociedade justa.
Pesquisas revelam que ser negro e mulher representa maiores dificuldades de acesso ao mercado de trabalho. E que mesmo empregados, o trabalhador do sexo feminino e o negro ganham bem menos que o homem e o não-negro pela mesma tarefa. Num outro campo, estudo mostra que negro, pobre e nordestino predominam entre os analfabetos. Se eles não têm acesso à educação, serão preteridos na disputa por emprego ou terão de se submeter a rendimentos insuficientes para uma vida digna.
Nenhuma nação atinge índices elevados de desenvolvimento social e humano sem erradicar as distorções internas. Sem dar oportunidades idênticas a todos, o mérito deixa de ser critério de ascensão - é substituído pela exclusão. E a riqueza e o poder seguem cada vez mais concentrados. Ou esse ciclo é rompido ou se consolidará a divisão entre privilegiados e subclasses.

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