segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A GRANDE IMPORTÂNCIA DOS COMANDOS INICIAIS.

Criança que é elogiada cresce em todos os sentidos

Numa tarde quente de feriado, o pai levou seus dois filhos – sete e seis anos - ao circo. Era recompensa pelo bom aproveitamento escolar. Foi preciso enfrentar longa fila. Na bilheteria foi informado: para a criança com menos de seis anos a entrada é grátis, para os outros é cinco reais. O pai pagou os 10 reais. Foi a vez do funcionário comentar ao pai: podias ter economizado os cinco reais, eu nunca poderia saber se o garoto tem mais ou menos de seis anos. Com serena sabedoria, o pai explicou: o senhor não saberia, mas eu saberia e os garotos também...
Os psicólogos e educadores falam dos chamados comandos iniciais. São as atitudes, palavras e exemplos dos pais, nos primeiros anos de vida da criança. Para ela, os pais sabem tudo, são autoridades absolutas. E por isso gravam posturas que vão perdurar pela vida inteira. A criança que é elogiada cresce em todos os sentidos, a criança que é desprezada vai formar uma auto-estima baixa. Se os pais dizem que a filha é feia, ela vai se achar feia, mesmo que o espelho possa dizer o contrário. Você nunca acerta nada, garante o pai. E o filho vai assumindo a postura de um derrotado: ele não vale nada. Você não vê sua prima, mais nova, sabendo fazer bem os serviços da casa, mas você é uma inútil.
Há pais que incentivam os filhos no caminho errado. Não leve desaforo para casa! Se na escola um colega te ofendeu, amanhã acerta um soco nele. Alguns anos depois, o filho morre assassinado, tentando vingança. Quando os pais aconselham o filho a roubar uma fruta ou um chocolate, estão conduzindo pelo caminho do crime. Quando a criança impõe sua vontade e os pais aceitam, formará a certeza de que todos os outros precisarão se sujeitar a seus caprichos.
São comandos iniciais que formam a personalidade. Caminhe mais ligeiro, olhe onde pisa, isto é feio, você é um inútil... São sentenças, muitas vezes, irrecorríveis. Vale o mesmo para as atitudes dos pais. O bilheteiro nunca saberia, mas ele – o pai – teria consciência que estava fazendo algo errado. Pior ainda: os filhos saberiam que o pai mentiu, foi esperto, logrou. E teriam a tentação de, amanhã ou depois, usar o mesmo expediente.
Na bênção final da cerimônia do batismo, o celebrante afirma que os pais são os primeiros catequistas, os primeiros evangelizadores de seus filhos, pela palavra e pelo exemplo.
O Brasil enfrenta uma grave crise ética. Certamente a atitude dos pais tem grande parte da responsabilidade por isso. Diariamente vemos altas figuras do mundo político e empresarial apelando para a corrupção, enquanto isso, em São Paulo, um motorista de táxi entregou na secção de Achados e Perdidos uma pasta com 35 mil dólares, que um passageiro esqueceu. Certamente isso tem a ver com a prática aprendida no lar.

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