sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O TEMPO DO VALE-TUDO

O mundo está dialogando menos. Depois do ataque ao WTC, em 2001, os noticiários registram mais de mil atos de terrorismo, recrudescimento nas confrontações entre povos e etnias, entrada em cena de líderes radicais de uma nova e estranha esquerda, lenta em ver valor no centro ou na direita, mas rápida em defender ditaduras que lhe interessa defender.

Não bastasse o aumento de compras de armas, apoio a guerrilhas e mobilização de exércitos em fronteiras, a interferência dos grandes recomeça, agora com novos atores. Religiões que ontem socavam nas ruas e nos templos suas doutrinas pela garganta e ouvidos dos transeuntes, agora o fazem pelo rádio e pela televisão, o que dá aos ateus o direito de fazerem o mesmo.
Jean Baudrillard fala da era da pós-orgia dos anos 60 e da excrescência. Vale dizer: crescimento desordenado do corpo social. O diálogo tem a virtude de estabelecer justos limites. E é bem por isso que terroristas, partidos em ascensão, pequenas igrejas e grupos com chance de conquistar mais espaço o rejeitam. Ele exigiria compromisso de respeitar o outro e de aceitar fronteiras.
O tempo do pós-orgia que sucedeu ao tempo do vale-tudo continua, agora, como tempo de novas posições e de novas conquistas. O diálogo foi fugaz e, outra vez, pululam mundo afora as acusações e provocações.
Outra vez, setorizaram e sectarizaram a verdade. Num mundo que não a quer nem a persegue, porque vale mais o marketing do que os fatos, não admira que dialogar esteja cada vez mais difícil. É que para eles o confronto compensa. Ele traz mais votos e consegue mais fiéis do que um bom e penoso diálogo!

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