quarta-feira, 21 de setembro de 2011

BERLUSCONE E SEUS DERIVADOS

Em pouco mais de uma semana depois de ter ficado publicamente conhecida a sua opinião sobre o país que governa (“a Itália é um país de merda”), o primeiro ministro italiano Silvio Berlusconi volta a chocar o senso comum com seu diagnóstico sobre a chefe de Estado alemã Angela Merkel: “É uma bunduda incomível”. Em O Globo, a mesma notícia do episódio trazia o comentário de um político italiano: “Como um indivíduo desses pode continuar governando o país?”

Na verdade. Berlusconi é apenas o modelo exagerado de uma série antiga e nova de políticos que oscilam entre o picaresco e o grotesco, com amplo beneplácito popular. O pensador pós-modernista Jean Baudrillard (1929-2007) já havia levantado, anos atrás, a hipótese de que as massas elegeriam governantes dessa estirpe para poder divertir-se secreta ou abertamente com eles.
Ele costumava amparar a hipótese no diagnóstico do fim da energia própria da política. Dizia que aí onde tem início a hegemonia definitiva do social e do econômico, surge o constrangimento, para a política, de ser o espelho legislativo, institucional, executivo do social. A autonomia da instância política seria inversamente proporcional à hegemonia crescente do social. Assim, a esfera social, comodamente apoiada na maioria silenciosa, poderia fazer espelhar na classe política o seu gosto pelo espetáculo do grotesco ou pela oportunidade de desprezar, ou mesmo odiar, os supostos detentores do poder. Daí, figuras como Berlusconi, Sarkozy, tantos outros.

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