sábado, 3 de setembro de 2011

A IMPRENSA E O ATAQUE AO BANCO CENTRAL

Os jornais de sexta-feira (2/9) não se mostram apenas surpresos com a decisão do Banco Central de reduzir em 0,5 ponto porcentual a taxa básica de juros. Os jornais se mostram unanimemente indignados. É como se os analistas, articulistas, colunistas ou como prefiram ser chamados especialistas em economia se sentissem traídos porque o Comitê de Política Monetária (Copom) não os tivesse consultado para indicar o viés subitamente decrescente dos juros.

A reação é comparável à que aconteceu em 2009, quando a equipe econômica do então presidente Lula da Silva decidiu ir na contramão do pessimismo internacional e apostou no estímulo ao mercado interno como resposta para a crise financeira – a imprensa invocou o fantasma da inflação.
Alguns textos chegam a ultrapassar as regras da etiqueta jornalística, quando acusam de irresponsável o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini – e o próprio Copom – por supostamente se haverem curvado a exigências do Executivo pela queda dos juros.
Até mesmo ex-dirigentes do BC do tempo em que a instituição foi manipulada para dar suporte à valorização artificial do Real, no final dos anos 1990, foram convocados à força-tarefa encarregada de condenar a decisão.
Afirmar que o Banco Central perdeu repentinamente a autonomia porque foi antecipada uma decisão que, afinal, era esperada pelo mercado para os próximos meses, mal disfarça a arrogância dos analistas e certo viés que atravessa a imprensa de lado a lado.

O presidente do Banco Central é um protagonista ímpar do cenário econômico mundial. Ele participa de foros exclusivos nos quais se pode ter uma visão mais clara da crise financeira internacional e avaliar diretamente as verdadeiras condições que têm as autoridades econômicas dos países ricos de evitar uma recessão no curto prazo.
Jornalistas não têm acesso a esses conclaves e o máximo que podem fazer é tentar adivinhar o que foi dito. Portanto, faltam elementos para uma análise definitiva e radical como a que comparece nas edições de sexta-feira em quase todos os jornais.




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