Mesmo cercada da beleza e do colorido, a rosa destacava-se no jardim. Era a mais bela de todas. Um discreto perfume a acompanhava em toda a sua duração. Passava de um botão cheio de vida para a idade adulta sem perder a classe. E antes de espalhar ao vento suas pétalas multicoloridas, novos botões anunciavam que a festa da vida continuava. Mas havia um contratempo. Um sapo, por razões desconhecidas, instalara-se junto à roseira. As crianças, que se aproximavam para contemplar a beleza da rosa, fugiam ao enxergar o sapo.
Tudo tem limites e um dia a rosa pediu ao sapo, por favor, que se afastasse dela, afinal existiam tantos lugares no mundo. E o sapo, humilde e simples, não discutiu o pedido e foi instalar-se num recanto qualquer, além da cerca do jardim. Tempos depois, o sapo - afinal ele também tem sentimentos – sentiu saudade da rosa e resolveu dar uma espiada de longe, sem causar escândalo. O choque foi grande, a pobre roseira estava em decadência total: murcha, sem vigor, folhas amareladas e poucas. Humilde como sempre, o sapo perguntou: o que aconteceu com você? As formigas estão acabando comigo, explicou com voz fraca a rosa. Eram as mesmas formigas que, no passado, tentavam destruir a rosa e a roseira, mas não conseguiam, porque o vigilante sapo evitava isso.
Deus não fez ninguém para sobrar. Existe em todo o universo uma ordem harmoniosa. A diversidade é riqueza e a imensa cadeia da criação se completa. As criaturas interdependem umas das outras. Cada uma delas tem sua beleza e sua finalidade.
Em sua sabedoria simples, o povo adverte: cuidado, o andor pode ser de barro. As aparências não são tudo. Rosa e sapo, cada um deles tem sua beleza. Existe ainda um dado importante: a dimensão do serviço. É o serviço, e não a beleza, que dá dignidade às pessoas.
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