segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A PATAQUADA DA SEMANA


A Pataquada da semana vai para o grupo de senadores que decidiu apoiar, entre parênteses, Dilma na luta contra a corrupção. Repito: entre parênteses. Quem sobe ao palco para receber o prêmio é o senador Pedro Simon, do PMDB, o líder do movimento.

Quem acredita que o propósito desses senadores é genuinamente purificador acredita em tudo, para repetir a frase de Wellington. Mais que sinceridade, o que existe é uma quantidade colossal de demagogia eleitoreira e oportunismo cínico.
Falta aos senadores – e aos políticos, de modo geral — autoridade moral para comandar uma cruzada anticorrupção. Até porque está neles, políticos, o principal foco de corrupção. Veja o que acontece nestes dias na Índia, por exemplo. Há ali, conforme já escrevi mais de uma vez no DCM, uma campanha intensa para debelar a corrupção. O líder é um ativista social, Anna Hazare – um homem sem posses e com uma formidável autoridade moral, fruto de uma vida inteira dedicada aos pobres. E vital: ele não pertence a partido nenhum. Vi, hoje, a foto de um indiano que tinha uma faixa na cabeça na qual estava escrito o seguinte: “A Índia é Anna e Anna é a Índia”.
Não temos, lamentavelmente, nenhum Anna Hazare.
Mas podemos, sim, aproveitar suas idéias. A principal delas: a formação de um grupo independente — Lokpal — que investigue e combata os corruptos. Esse grupo representa, na essência, a sociedade – e não políticos ou partidos. Hazare fez um grande estardalhaço, recentemente, quando soube que o governo pretendia deixar o primeiro-ministro e o judiciário fora do alcance do comitê. Entrou numa greve de fome da qual só saiu quando lhe disseram que ninguém estará acima das investigações.
O Brasil precisa de algo assim como o Lokpal idealizado por Hazare.
Conclamações como a de Pedro Simon são apenas jogos de cena. Melhor: pataquadas.




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