domingo, 7 de agosto de 2011

A LIÇÃO DA SEMANA

Ninguém sabe o que detona o efeito manada nas bolsas de valores, mas pode-se constatar claramente que o mercado tem um comportamento biológico. Tanto pode gastar o dia pastando bovinamente como pode, sem qualquer motivo identificável, sair dando pinotes pelo campo.

O certo, como admitiam alguns jornais na sexta-feira, é que os investidores em ações andaram viajando no mundo da fantasia, iludidos pela rápida valorização de ativos financeiros após a derrama de dinheiro público no mercado, em meio aos remédios para a crise financeira de 2008. O calorzinho do mercado era febre, e febre é quase sempre sintoma de infecção.
Mas, afinal, quem estimula essas ondas de euforia? Os gerentes de investimento dos bancos geralmente misturam análises técnicas com as recomendações das metas que recebem de seus chefes, ou seja, a grande massa dos cidadãos que têm alguma folga para poupar ou investir acaba colocando seu rico dinheirinho em cima dos interesses de negócio do próprio banco.
Os que possuem dinheiro de verdade, em grandes volumes, dedicam mais tempo e recursos a administrar seu patrimônio, e notícia de jornal há muito tempo deixou de ser referência importante para eles. Contam com advisers capazes de alertar sobre os tsunamis e a própria quantidade de recursos acaba sendo um recurso adicional, porque pode ser espalhado por diversas opções.
O olhar retrospectivo sobre os cadernos de finanças dos jornais pode se revelar um momento de humor negro. Os jornais nem dissimulam sua dependência dos analistas vinculados a bancos e corretoras e suas análises geralmente se referem ao passado.
Quando o Banco Central Europeu deixou claro que não compraria títulos da Itália e Espanha, a reação do mercado foi de pânico, a começar pelos grandes bancos americanos.
No meio do dia, os boletins americanos anunciavam quedas enormes nas grandes bolsas do país. A manada estourou, fugindo do mercado de ações para títulos de governo.
Lição da semana: o mercado quer liberdade para fazer suas traquinagens, mas na hora do susto corre todo mundo para o colo do Estado.

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