sábado, 13 de agosto de 2011

UMA VOLTA AO 13 DE AGOSTO DE 1961. RECORDAR PARA NÃO REPETIR

Tudo indicava que o segundo final de semana de agosto de 1961 seria sem ocorrências extraordinárias para o Serviço de Defesa da Constituição de Berlim. Mas já nas primeiras horas do sábado para o domingo, dia 13, um funcionário de plantão foi surpreendido: à 1h54 recebeu a notícia de que o tráfego de trens entre Berlim Ocidental e Berlim Oriental fora suspenso.

A abrangência do fato, porém, só ficou clara quando o dia amanheceu. A República Democrática Alemã (RDA) dera início à construção de um muro entre as duas partes de Berlim, cortando o acesso de 16 milhões de alemães ao Ocidente. “A fronteira em que nos encontramos, com a arma nas mãos, não é apenas uma fronteira entre um país e outro. É a fronteira entre o passado e o presente”, era a interpretação ideológica do governo alemão-oriental. O significado foi muito maior: o Muro de Berlim, chamado também de Muro da Vergonha, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos: o da República Federal da Alemanha (RFA), constituído pelos países capitalistas liderados pelos Estados Unidos; e o da República Democrática Alemã (RDA), formado pelos países socialistas simpatizantes do regime soviético. Ambas as fronteiras passaram a representar a chamada “cortina de ferro”, entre a Europa Ocidental e o Bloco do Leste.
Fugas - De volta à madrugada de 13 de agosto de 1961. A RDA via-se ameaçada. Cerca de 2 mil fugas diárias tinham sido registradas até aquele dia e mais de 2 milhões - há fontes que citam 3,5 milhões - desde que fora criado o “Estado dos trabalhadores e dos camponeses”. O partido SED puxou o freio de emergência com o auxílio de arame farpado e concreto, levantando um muro de 155 quilômetros de extensão que interrompia estradas e linhas férreas e separava famílias.
Dois meses antes, Walter Ulbricht, chefe de Estado e do partido, desmentira boatos de que o governo estaria planejando fechar a fronteira: “Não tenho conhecimento de um plano desses, já que os operários da construção estão ocupados levantando casas e toda a sua mão-de-obra é necessária para isso. Ninguém tenciona construir um muro”, respondeu a um jornalista.
Nos bastidores, porém, corriam os preparativos, sob a coordenação de Erich Honecker e com a concordância da União Soviética. Guardas da fronteira e batalhões fiéis ao politburo encarregaram-se da tarefa. Honecker demonstrava convicção ao afirmar: “Com a construção da muralha antifascista, a situação na Europa fica estabilizada e a paz, salvaguardada”. Simples engano?


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