terça-feira, 23 de agosto de 2011

ATENÇÃO SENHORES PAIS: O COLESTEROL PODE ESTAR NO DNA

Foi-se a época em que criança gordinha era sinal de saúde. Já é de conhecimento geral que a obesidade pode atingir os mais novos, elevando os níveis do colesterol, um grave fator de risco para doenças cardiovasculares. Agora, o que os pais precisam saber é que crianças e adolescentes magros também podem ser suscetíveis a esse mal. Segundo o cardiologista Raul Dias dos Santos Filho, em crianças e adolescentes magros a dislipidemia, que é o aumento do colesterol e dos triglicerídeos no sangue, quase sempre é decorrente de doenças genéticas, como a hipercolesterolemia familiar heterozigótica (HF) ou a hiperlipidemia familiar combinada (HFC). “A HFC acomete cerca de um em cada 20 pacientes jovens infartados. Já a HF afeta uma em cada 500 pessoas da população geral, mas na família acometida pela doença a prevalência é de um em cada dois indivíduos deste núcleo familiar”, informa o médico, coordenador do Programa de Rastreamento Genético para HF, o HiperCol Brasil, do Instituto do Coração (Incor) da Universidade de São Paulo.
Conforme Santos, a hipercolesterolemia familiar se caracteriza por níveis de colesterol no sangue de duas a quatro vezes acima do considerado normal. “Se não for tratada precocemente, a doença pode levar 50% dos homens e 20% das mulheres a ter infarto antes dos 50 anos, com possibilidade altíssima de óbito ou de comprometimento da qualidade de vida”, declara o cardiologista. “O problema é de tal forma preocupante que somente 20% dos homens com HF chegam aos 70 anos de idade”, completa.
Apesar do risco da doença, ela ainda é pouco conhecida pela população e até mesmo pelos profissionais da saúde. Um estudo feito em 14 países mostrou que apenas 20% dos pacientes com HF são diagnosticados, 16% usam medicamentos e apenas 7% estão em tratamento adequado para controle da doença. No Brasil, não há estudos específicos sobre o colesterol elevado de origem familiar.
O problema é que o colesterol alto não apresenta sintomas. A pessoa não sente dor nem malestar, até que, um dia, o coração falha, o cérebro sucumbe e as artérias de todo o organismo estão comprometidas pelo processo da aterosclerose. Por este motivo, sempre é recomendável que, além de manter o peso em níveis ideais, crianças a partir de 10 anos verifiquem o colesterol para evitar complicações futuras. “Em crianças que possuem histórico de doenças cardíacas precoces na família (geralmente antes dos 55 anos em familiares de primeiro grau) ou colesterol alto, a medição do colesterol deve ser feita logo aos dois anos de idade”, alerta Santos.
Ao contrário do que acontece com a maioria das doenças genéticas, a hipercolesterolemia familiar tem tratamento eficaz, com mudanças de hábitos de vida, principalmente no que se refere à dieta e à atividade física, e, às vezes, uso de medicamentos. “Com essas medidas, pode-se reduzir em até 60% o risco de incidência de infarto e em 30% a possibilidade de morte por problemas cardiovasculares nesses pacientes”, diz Santos Filho. “A influência genética é um risco maior, mas reversível”, pondera.
O médico esclarece que, na maioria dos casos, a dislipidemia na infância e adolescência deve ser tratada com mudança nos hábitos alimentares e atividade física. Porém, a necessidade de tratamento medicamentoso sempre é ponderada pelo médico. “Não há dúvidas de que a redução do colesterol com o uso de estatinas é uma das armas mais eficientes para evitar a doença aterosclerótica. Entretanto, somente o médico pode avaliar em qual situação se deve iniciar o tratamento farmacológico para o controle das dislipidemias em crianças e adolescentes”, conclui.



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