sexta-feira, 5 de agosto de 2011

SEMENTE CRIOULA, UM PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE

Presentear parentes e vizinhos com sementes era prática comum quando as famílias de agricultores se visitavam. Ainda hoje é bem presente a troca de mudas, sementes ou animais entre parentes e vizinhos de comunidades do interior. Esse gesto é garantia de melhoramento de espécies ou variedades de plantas e raças de animais.

Alicerçada nessas práticas, a humanidade produziu e se alimentou por mais de 10.000 anos. Mas, em apenas pouco mais de 50 anos, a produção de alimentos sofreu grandes transformações. “O modelo industrial agroquímico aplicado no campo negou essas práticas populares de manutenção e melhoramento das espécies e raças classificando-as como atrasadas”, observa Valdemar Arl, engenheiro agrônomo e doutor em agroecologia.
A nova tecnologia adotada na agricultura mundial proporcionou avanços na área do melhoramento, mas teve efeitos negativos e criou problemas. Entre eles, a redução drástica na base alimentar dos povos: existem mais de 10.000 espécies de plantas comestíveis - os povos primitivos se alimentavam de 1.500 a 3.000 espécies.
Base - A agricultura antiga produzia com base em mais de 500 espécies. Já a agricultura industrial restringiu a base da alimentação humana a nove espécies, que são aquelas que dão mais lucro ao mercado. O trigo, arroz, milho e soja representam 85% do consumo de grãos no mundo.
Outro dado crescente é a deficiência nutricional na alimentação humana: isso é consequência direta da redução de diversidade alimentar e também porque essas espécies oferecidas pelo mercado são pobres em muitos minerais e proteínas.
Ocorre também a redução da biodiversidade: muitas espécies e variedades já se perderam e as monoculturas vão tomando conta do campo. Há ainda perda da diversidade genética e as plantas vão se tornando cada vez mais susceptíveis a pragas e doenças. A perda da diversidade desequilibra os sistemas, tanto os sistemas naturais quanto os cultivados, segundo a rede Ecovida, que atua na região Sul.

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