quinta-feira, 10 de outubro de 2013

ARMAS NÃO SÃO PERIGOSAS. MORTAL É O ÓDIO QUE AS DETONAM.

Dois monges viviam numa região deserta. Há muitos anos moravam na mesma gruta, sem nunca ter uma discussão. Vez por outra chegavam ecos de violências e guerras acontecidas em toda parte. Incrédulos, eles se interrogavam sobre as causas, as raízes, da violência. Um dia decidiram brigar um pouco, à semelhança de grande parte da humanidade. Para isso, resolveram adotar um esquema. Colocaram uma tigela, já desgastada pelo tempo, no meio deles, com um prévio acordo: ambos diriam que a tigela lhes pertencia. O primeiro deles disse, com voz dura: esta tigela é minha! O segundo, com decisão, contestou: não, ela é minha! O primeiro interlocutor concluiu: desculpe-me, irmão, pode ficar com ela e vá em paz.
Um dito popular garante: quando um não quer, dois não brigam. Outro provérbio coloca o inverso da questão: dois bicudos não se beijam. A primeira guerra aconteceu no alvorecer da história, quando Caim liquidou seu irmão Abel. E as guerras continuaram depois. Um historiador chegou à conclusão que em três mil anos já aconteceram 8.027 guerras. Algumas isoladas, outras em nível mundial, mas todas elas temperadas pelo ódio. E os resultados foram desastrosos.
Os estrategistas militares até inventaram uma máxima para justificar a violência: se queres a paz, prepara a guerra! Depois de mais de oito mil tentativas, a paz não chegou. O Papa Paulo VI apontou noutra direção: se queres a paz, trabalha pela justiça. Um campesino da Nicarágua, depois de dez anos de guerra civil, dizia: por que fazer a guerra, se há mil maneiras melhores de conseguir a paz?
O que acontece entre países, acontece também nas comunidades, nas famílias, entre vizinhos, no trânsito, no futebol. E a matéria prima é sempre a mortal e perigosa mistura de ódio, ganância e intransigência. As armas, em si, não são perigosas. Mortal é o ódio que detona a arma. Uma bomba atômica nas mãos de São Francisco não constitui ameaça para ninguém, mas um coração cheio de ódio pode agredir até mesmo com um ramo de flores.
O mundo tem uma arma para acabar com as guerras: o perdão. É a única maneira de acabar com o mal. É a possibilidade de recomeçar em outras bases. O supremo exemplo veio do alto da cruz. : Pai, perdoai-os porque não sabem o que fazem.
Ninguém de nós tem condições de mediar uma paz universal. Porém todos temos condições de dizer não às pequenas violências de cada dia. Isso significa perdoar e responder ao mal com o bem. Mesmo que o resultado não seja imediato, resta a consciência de ter seguido o Mestre que deu a todos o perdão e pediu que os seus discípulos perdoassem setenta vezes sete vezes. Mais ainda: Ele colocou o amor como base do seu Reino.

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