terça-feira, 2 de abril de 2013

OS COMEDORES DE QUINDINS DE OURO

São graúdos, e contabilizáveis, os interesses que arrendam espaços e gargantas para vocalizar a luta diuturna pela alta dos juros no país. O pleito está marmorizado em cada centímetro da menos imparcial de todas as seções do jornalismo: o noticiário de economia. Daí se irradia para afinar o jogral de vulgarizadores e agregados de orelhada e holerite. Os sabichões que advogam um ‘novo ciclo de alta' da Selic sabem do que estão falando. E não estão falando apenas em adicionar mais 0,25% a ela, na reunião do Copom, do próximo dia 17. O braço de ferro é para reverter um reordenamento estratégico. A pátria rentista não admite que a prioridade do sistema econômico deixe de ser a que sempre foi,desde os anos 90, até o colapso de 2008: a reprodução do capital fictício a taxas de retorno as mais elevadas de toda a economia, sem condicionalidade alguma.Liquidez imediata e risco zero. Nessa espécie de platô marciano, comparado ao relevo habitado pelos que lutam com as incertezas da sobrevivência e da produção, vive uma plutocracia rentista que acha normal pagar, como espeta o insuspeito jornal Valor, R$ 115 reais por um prato de comida. Ou R$ 15 por um prosaico quindim, nos restaurantes dos Jardins, em São Paulo. Os comedores de quindins de ouro dispunham,no final do ano passado, de nada menos que R$ 527 bilhões sob os cuidados de ‘private bankings'. O valor é maior do que todo o investimento previsto pela Petrobrás em seu plano quadrienal para triplicar a produção do pré-sal até 2017 ,quando deve atingir um milhão de barris/dia.

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