terça-feira, 30 de abril de 2013

A TEOLOGIA SOCIAL

Um dos maiores contemplativos-ativos do século 20, o monge Thomas Merton, que mergulhou de corpo e alma na promoção da paz e do diálogo político, se viu proibido de publicar o livro “Paz na Era Pós-Cristã”. Esse livro demorou décadas para ser conhecido. Foi proibido. Alguém que propunha diálogo soava como comunista no período da guerra fria entre EUA e Rússia.
O livro feria o princípio americano de, se preciso, atacar para defender-se. Merton fazia perguntas embaraçosas para as Igrejas e para o Estado. A dança da morte. Podemos escolher a paz. O cristão como pacificador. Justiça na guerra moderna. Consciência cristã e defesa nacional. A paz como responsabilidade religiosa. Seu livro ia ao âmago da questão.
Escrito em 1962, nunca foi publicado. Nem mesmo com o advento do Concílio Vaticano II. Merton morreu em 1968, num acidente doméstico, eletrocutado. O fato é que o livro só veio à tona muitos anos depois. Por que escrevo isto? Para mostrar que escrever sobre teologia social é sempre um risco. Muitos que entraram no tema foram silenciados. Dom Romero foi morto. Sacerdotes que pediram justiça foram assassinados por governos de direita e de esquerda.
Quando a teologia mexe com a economia e com hegemonias, as esquerdas e as direitas do mundo reagem. Teologia que apoia o poder é bem-vinda. Aquela que o questiona é declarada diabólica. Pedir diálogo é uma grave ofensa em países armados até os dentes. Mudou o quadro? Não. Não mudou!

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