terça-feira, 30 de abril de 2013

DO JEITO QUE VAI, TEMOS FUTURO?

Há no imaginário das pessoas uma pergunta muito sábia em relação a tudo. Será que assim como sou, vou ter futuro? Será que meu filho tem futuro? E esta empresa, tem futuro? O clamor pelo futuro não é apenas uma fórmula produzida pela vaidade humana, mas é um grito da existência misteriosa de todos os humanos, criados à imagem e semelhança de Deus. Não ter futuro é a marca da falência e a falência não está no dicionário de Deus.

Nossa cultura atual acentua muito o caráter histórico do mundo e das pessoas. O aqui e o agora seduzem as pessoas a esconderem a dimensão essencial da vida, isto é, a sua dimensão de futuro. Um dia, visitei uma família. Acompanhamos o jornal nacional e, depois de vermos e ouvirmos tanta notícia de violência, roubos e desmandos, o pai de família perguntou: “Deste jeito, temos futuro?” Creio que a questão merece nossa atenção.
Os fatos que vemos e acompanhamos fazem parte do fenômeno de sempre, apresentado, hoje, com uma nudez maior. Desde que os humanos cedem à tendência de se fechar aos projetos de Deus, sempre existiram cenários trágicos e causas de vergonha à nossa condição humana. Porém os sonhos de Deus de futuro feliz para seus filhos não se anulam, nem com bombas, nem com os milhões desviados pela corrupção.
De certos jeitos não temos futuro! Porém do jeito de Deus todos os caminhos se abrem,
possibilitando futuro para a humanidade e o mundo. Deus nos projetou para o futuro.
O apóstolo Paulo bem entendeu este dinamismo de amor quando diz: “Toda a criação está gemendo como que em dores de parto, e não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do espírito, gememos em nosso íntimo, esperando a condição filial, a redenção de nosso corpo. Pois é na esperança que somos salvos”
Estamos invadidos pela certeza de que, apesar de tudo, temos futuro! Em parte alguma
do mundo é suficiente o “já” conquistado. O “ainda não” sempre está impelindo para
frente os sonhos da humanidade, porque o sonho de Deus garante sua realização.
Mesmo em cenários mais contraditórios do nosso tempo, não podemos viver de saudades, mas sempre de esperanças. Não basta o que somos, somos chamados a dar atenção ao que seremos. Faz parte de nossa condição humana olhar além, mais longe do que o chão onde estão os nossos pés. A nossa propensão mais radical dirige-se para o futuro.
No coração humano sempre há indícios de tensão para o futuro. Um indício são as insatisfações de situações passadas. Com frequência negamos o nosso passado: “Não quereria mais voltar para o passado!” Mesmo que tenha havido algum momento especial no passado, prefere-se aventurar o desconhecido do futuro.
Outro indício de tensão para o futuro é a acentuada insatisfação do momento presente. Nada pode preencher totalmente o coração humano. Só encontramos o sentido do presente esperando no futuro. Na verdade “somos finitos, carregados de desejos infinitos”.

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