segunda-feira, 12 de agosto de 2013

ONDE ESTÁ A FELICIDADE?


Vizinhos e amigos, tinham suas propriedades divididas por um riacho. Quase sempre, no sábado à tarde, eles se encontravam junto ao canal de água, cada um do seu lado. Procuravam o melhor lugar e jogavam seus anzóis na água, atentos aos peixes e aos resultados obtidos pelo vizinho. Cada um deles era de opinião de que os melhores lugares para pescar ficavam na outra margem. E por isso jogavam a linha quase do outro lado do riacho, pois lá estavam os peixes.
Essa história reflete algumas atitudes da vida. O nosso lado é o mais difícil. Lugar bom mesmo é do outro lado. Assim pensa o marido. Vida boa e fácil é a da esposa. Vive em casa, escolhe suas tarefas. Quando quer para e vai falar com as amigas. Mas a esposa também tem seu ponto de vista. Feliz é o marido, encontra sempre tudo pronto, quando chega em casa tem seu aperitivo, a televisão e o abraço dos filhos. O casado comenta: a vida dos solteiros – é boa. A recíproca também acontece. O agricultor acha que vida boa é na cidade e os urbanos invejam o sossego e a tranquilidade do homem do campo. Vida boa é a do patrão, sustenta o empregado. Felizes os empregados pensa o patrão, não têm com o que se preocupar e no fim do mês têm seu salário.
O poeta Vicente de Carvalho (1866-1924) deixou uma poesia sobre o tema. Afirma que a felicidade é uma hora feliz, sempre adiada, e não chega nunca em toda a vida. “Existe sim, mas nós nunca a alcançamos porque está sempre onde a pomos e nunca a pomos onde nós estamos”.
O ser humano traz consigo o desejo de ser feliz. Toda a vida é busca da felicidade. A impressão é que, na medida que tentamos nos aproximar, ela vai mais adiante. Lembra o horizonte que nunca alcançamos. Todos temos momentos felizes, mas estes são fugidios e nos deixam com uma sede maior de felicidade. Foi sempre assim e isto acontece com todos, homem ou mulher, criança ou idoso, rico ou pobre, intelectual ou analfabeto.
A alma humana é grande demais para ser preenchida com coisas. A partir disto, podemos esboçar outro caminho. Agostinho de Hipona - foi com muita sede ao pote. Tentou todos os expedientes que prometiam a felicidade. Um dia, desiludido, quase sem querer, descobriu a fonte da felicidade. Relatou sua experiência dizendo: “Fizeste-nos para Ti, ó Deus, e nosso coração permanecerá sempre inquieto até que não repousar em Ti”.
Não olhe demais para o outro lado, viva com alegria o seu momento e sua vida concreta. E serás, pelo menos, mais feliz. Você pode não ter tudo o que deseja, mas deve amar tudo que tem.

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