Desde que a comida passou a integrar o leque de mercadorias do balcão mundial de negócios, os interesses de poderosos grupos econômicos sempre nortearam preços e destinos. E em um cenário influenciado pela crise financeira internacional, a oscilação de preços se torna ainda mais cruel para os desfavorecidos.
Estudos comprovam que há condições de produzir alimentos para toda a humanidade, mas a injusta distribuição acaba privilegiando uns e, em muitos casos, condenando à morte outros. Os dados da ONU mostram que mais de 900 milhões dos atuais famintos habitam regiões paupérrimas da Ásia e da África. Na América Latina estão outros 53 milhões de vítimas. Em todos os países desenvolvidos, apenas 15 milhões sofrem com a fome. Essa distribuição geopolítica torna evidente que a falta de comida existe só para os pobres.
Erradicar a fome exigiria uma revolução global, com passos ousados e demorados. Mas há providências viáveis a curto prazo. Reduzir o desperdício, que em certas regiões ultrapassa um terço apenas na colheita e no transporte, é um exemplo. Incentivar a agricultura familiar é outro. Medida mais consequente ainda: dar real destinação social à terra. Para isso, como diagnostica a ONU, basta vontade política - e uma boa dose de coragem. Sem elas só crescerá a fila de famintos.
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