sexta-feira, 10 de maio de 2013

POR MAIS QUE QUEIRAMOS FAZÊ-LO A VERDADE NÃO SE DEIXA APRISIONAR

Diz uma lenda que numa noite de céu estrelado, uma atrevida estrela foi perguntar ao sol se ele não estava se vendo ameaçado pela noite, enquanto ela exibia todo o seu encanto. Na manhã seguinte, grandes nuvens deixaram o dia cinzento. O sol não conseguiu aparecer às multidões que o esperavam. À noite, a mesma estrela, sabendo das nuvens, foi novamente ridicularizar o sol. O sol não se importou. Simplesmente continuou tranquilo sem perder o brilho e confirmar a sua verdade de sempre.
Não há noite que elimine o sol, nem nuvem que possa aprisioná-lo. A verdade é assim! Mesmo ridicularizada, continua corajosa e sem perder sua força transformadora. Quem perde não é o sol, mas é a atrevida estrela que se expõe ao ridículo. O desejo de aprisionar a verdade não traz prejuízos à verdade, mas a quem se engana a si mesmo. Mesmo negada ou traída, pisoteada ou ferida, a verdade continua sendo o que é e continua se oferecendo como possibilidade de vida e justiça para todos.
Em nossos dias exagera-se em relação aos meios conquistados e às facilidades oferecidas. Porém, parece aumentar sempre mais o número dos insatisfeitos por se equivocarem nos seus fins: meios sofisticados e fins equivocados. O certo é que a verdade não fica rindo de quem a nega; depois chora por seus enganos. A verdade não menospreza os meios e as conquistas humanas, mas lhes oferece clareza de fins para que se tornem favoráveis à vida e à história.
Um dos atentados à verdade mais comuns na atualidade é o chamado “consumismo”. Este se serve de todos os meios para promover a venda a qualquer preço e de qualquer jeito. Negociam-se artimanhas em favor da mentira, até mesmo com o auxílio da psicologia e da beleza. Não faltam embrulhos de mentiras em nome da verdade e de verdades como se fossem mentira.
Nessa artimanha de uma sociedade de consumo oferecem-se satisfações ilusórias e imediatas, como se fossem o segredo de uma vida realizada e feliz. O pior disso acontece, quando se entra nesse tipo de sonho e se perde a capacidade de administrar a vida no seu realismo cotidiano com seus desafios e empenhos. O que não é verdadeiro passa a se conflitar com a verdade inscrita no próprio ser provocando frustrações diante do falso engano dos desejos insaciáveis.
O que é dito em relação ao consumismo também vale para o mercado das ideologias, onde mentiras vulgares, como o ocultismo ou a magia, se apresentam com a roupagem de modernidade e de ciência. Assim também se apresentam certas doutrinas políticas que prometem fáceis paraísos a serem conquistados sem esforço.
Não sei se é justo ou não, mas desde tempos antigos dizia-se que o povo gosta de ser enganado com mentiras agradáveis, ou com alienações que despertam e causam prazer. Dentro de um cenário assim, a verdade não parece bem-vinda. No entanto, mesmo exigente, é a única fonte de felicidade, pois uma construção autêntica só pode basear-se na realidade. O resto mais não passa de aparência, imediatismo e “presentismo” perigoso.

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