sexta-feira, 10 de maio de 2013

A POLUIÇÃO DO AMBIENTE COMEÇAVA NOS GABINETES.

Empresários contratavam o serviço de despachantes ou consultores e estes recorriam a servidores públicos para a liberação de licenças ambientais, mediante pagamento de propina. Em pelo menos um dos casos, uma licença que levaria um mês para ser emitida foi liberada em uma tarde. Esta é a síntese da fraude descoberta pela Polícia Federal que levou à prisão integrantes da cúpula de organismos ambientais do Rio Grande do Sul, na semana passada.
Denominada Concutare (do latim, concussão), a operação da PF expôs um esquema de venda de licenças ambientais que envolvia servidores públicos, empresários, consultores e despachantes. Entre os empreendimentos beneficiados estão empresas da construção civil e de exploração de minério.
Na segunda 29, operação que envolveu cerca de 150 policiais cumpriu 28 mandatos de busca e apreensão e 18 de prisão temporária. Entre os presos no Presídio Central, todos soltos até a sexta 3, estavam seis empresários, seis despachantes e seis servidores públicos. 
Onze pessoas foram detidas em Porto Alegre. As demais, em Taquara, São Luiz Gonzaga, Santa Cruz do Sul, Pelotas, Caxias do Sul (o empresário Nei Renato Isoppo, diretor-proprietário da Água Mineral Boca da Serra) e Caçapava do Sul, no Rio Grande do Sul, e em Florianópolis, Santa Catarina. De acordo com o órgão, foram apreendidos 22 computadores; seis armas; cheques e documentos; R$ 468 mil em dinheiro; US$ 44 mil e 5.280 euros.
Entre os presos estavam o secretário de Meio Ambiente do Estado, Carlos Fernando Niedersberg (PCdoB), afastado pelo governador Tarso Genro; o secretário municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre, Luiz Fernando Záchia (PMDB), afastado pelo prefeito José Fortunatti; e o ex-secretário estadual (governo Yeda Crusius) da mesma pasta Berfran Rosado (PPS).
Até a sexta, a PF do Rio Grande do Sul havia indiciado 22 pessoas por suspeita de fraudes na liberação de licenças ambientais. Mas este número tende a crescer. Pode chegar a 100 o número de pessoas que serão ouvidas. Uma anunciada devassa nos licenciamentos poderá ampliar ainda mais o quadro de envolvidos.

Recorde - A polícia acredita que entre 30 e 40 empreendimentos podem ter sido favorecidos pelo esquema em Porto Alegre e no litoral norte do Estado. Segundo o delegado Thiago Delabary, o prazo normal para emitir licença ambiental é de pelo menos seis meses. “Uma levou uma tarde. Sem dúvida, um recorde”, afirmou. O valor das propinas variava, mas chegaria a até R$ 70 mil.

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