domingo, 5 de maio de 2013

OS CRENTES.

Num mundo com bilhões de crentes, milhões aceitam os crentes que não creem como eles. Milhões não aceitam. Aplaudem e admiram apenas os fiéis do seu grupo. Só eles seriam os fiéis de Deus. Os outros, não! No fundo, sentem-se agraciados e privilegiados. Deus escolheu a eles e não aos outros! Dizem-no com todas as letras.
A verdade é que o mundo é feito também de outros crentes e somos chamados a conviver com eles. Deus é quem sabe se somos melhores ou não. Podemos sustentar a nossa fé e até pensar e afirmar que sabemos mais, mas isso não nos dá o direito de diminuir a fé do outro. Só porque acho que vejo mais não tenho o direito de chamar o outro de cego.
Vemos a cachoeira de um lado e eles veem de outro. Concordemos ou não, é bom poder descrever para eles o nosso ângulo, mesmo que eles não concordem conosco, e é bom ouvi-lo a falar do seu ângulo. Podemos aceitar ou não o que dizem, mas, ao negar que eles podem ver detalhes da cachoeira, damos a eles o direito de também duvidar do que vemos. Tem sido esse o conflito entre as Igrejas. Não aprendemos a ouvir e a discordar fraternalmente.
Os crentes que se negam a dialogar e a ouvir a opinião do outro correm o risco de não serem verdadeiros crentes; pecam por preconceito e por ter medo da palavra do outro. É como se tivéssemos medo que alguém nos contasse o que vê do outro lado da montanha. Se sua narrativa não combinar com o que vemos, temos sempre o direito de expor também nossa visão. A cachoeira é uma só, mas a visão da cachoeira varia muito de acordo com o ângulo de quem vê. A verdade é a mesma, mas a fé não é, porque a lemos com os limites da nossa miopia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário