sexta-feira, 10 de maio de 2013

ENCARAR OS DESAFIOS É UMA OBRIGAÇÃO NOSSA

Numa propriedade rural, à beira de uma lagoa, uma pata e uma galinha construíram seus ninhos. Em torno, pequenos arbustos criavam um ambiente de tranquilidade e aparente segurança. Numa noite chuvosa, porém, aconteceu a tragédia. Um animal predador comeu os ovos e destroçou os ninhos. Todos os ovos da galinha foram comidos, mas sobraram alguns ovos da pata. As duas aves ficaram desesperadas. A pata fugiu para longe, mas a galinha adotou ovos que sobraram e passou a chocá-los. Passados alguns dias nasceram quatro graciosos patinhos.
Todas as manhãs, a galinha levava os patinhos a passear e os ensinava a ciscar e comer pequenos insetos. Ai surgiu nova tragédia: os patinhos pareciam, irresistivelmente, atraídos pela água da lagoa. Cacarejando, ela advertia os patinhos dos perigos e os elevava para longe. Mas num belo dia seus esforços foram inúteis. Em clara oposição às recomendações, os patinhos caíram na água. Em vez de se afogarem, como temia a mãe, encontraram seu elemento natural, deslizando e mergulhando na água, numa festa inesquecível. E a galinha, embora contrariada, teve de acostumar-se com o fato.
Foi o instinto que levou a galinha a chocar os ovos abandonados e foi também o instinto que levou os patinhos ao lago. O ser humano não é só instinto, mas também inteligência e vontade. Ele é capaz de contrariar o desejo e dizer sim quando gostaria de dizer não e dizer não quando o sim parece mais atraente. O que a galinha fez por instinto, muitos homens e mulheres fazem por amor. Hoje aumenta o número de voluntários e cuidadores distribuindo um amor gratuito onde ele se faz mais necessário.
Diante da tragédia, a pata desistiu. Sentiu-se derrotada e incapaz de recomeçar. Para a galinha a tragédia foi maior, mas ela encontrou novo motivo para viver. Só é derrotado quem desiste. E a história está cheia de heróis e santos que partiram de suas limitações e fracassos e souberam construir algo de novo e maravilhoso. Os nomes daqueles que desistiram não são conhecidos. Ficaram na vala comum da mediocridade e do esquecimento.
Nossos filhos não são nossos filhos, mas são filhos do mundo. A frase é de Khalil Gibran e teve de ser assimilada pela galinha. Os pais podem fazer tudo pelos filhos, menos decidir por eles. O compromisso paterno é fazer com que os filhos criem raízes. Isso significa dar a eles uma correta escala de valores, situar o sentido da vida e indicar o caminho da felicidade. Mas chega um momento em que eles assumem as rédeas de suas vidas. Eles criam asas.
Alertá-los é o dever dos pais, mas a escolha é dos filhos. Haja o que houver, cabe aos pais manter aberta a porta do diálogo. Podem divergir, mas devem continuar amando.

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