quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O RIO GRANDE VOLTOU A SER LÍDER

O Rio Grande do Sul voltou a ser líder nacional no cultivo de erva-mate. A cultura está presente em 267 municípios. Nos anos 90, o Estado era responsável por 92% da produção nacional, índice que caiu para 46% no início dos anos 2000. Hoje, com o plantio de 30 mil hectares, por cerca de 14 mil produtores, responde pela produção de 49 mil toneladas - 62% do cultivo no Brasil. A produção é beneficiada por 200 empresas. A cadeia movimenta R$ 234 milhões, sem contabilizar o mercado varejista.
Este novo momento da produção ervateira é motivado por um processo de reestruturação do setor, tendo como base a pesquisa, a inovação e o desenvolvimento tecnológico. “O primeiro passo é a revitalização dos polos ervateiros, próximos às agroindústrias”, esclarece o engº agrº da Emater de Passo Fundo, Ilvandro Barreto de Mello. A erva-mate é centralizada em cinco polos, localizados nas regiões Planalto/Missões, tendo como município de referência Palmeira das Missões; Alto Uruguai (Erechim), Nordeste (Machadinho), Alto Taquari (Arvorezinha) e Vale do Taquari (Venâncio Aires).
Com a mudança da matriz produtiva, a atividade ervateira foi se concentrando em pequenos arranjos produtivos locais, fazendo com que a agricultura de grãos tomasse área significativa que antes era povoada de ervais. Foi esse novo arranjo, conforme o agrônomo, que proporcionou a formação dos polos regionais característicos da exploração ervateira, passando a concentrar a atividade.
Pesquisa - Juntamente com a Embrapa Florestas, de Colombo (PR), o setor ervateiro gaúcho está aperfeiçoando equipamentos para a colheita. “A coleta ainda demanda muita mão de obra, o que encarece o custo quando o produtor depende de terceiros. Então, nas terras onde é possível usar a mecanização, os agricultores optam por culturas mais rentáveis”, revela. A pesquisa está atuando ainda no enquadramento da erva-mate como um produto saudável e medicinal.
Já na área agronômica, as instituições estão trabalhando no combate à praga ampola, cujos danos causam grandes custos (leia ao lado); no desenvolvimento de plantas clonadas - hoje a multiplicação é por meio de sementes - e na sexagem de plantas.
A sexagem busca plantas macho, pois as fêmeas se voltam mais para o desenvolvimento reprodutivo, que vai de setembro a março. “Ao misturar as flores às folhas, neste período, a planta feminina transfere ao chimarrão um gosto diferenciado. Já as flores masculinas duram, em média, 40 dias. Voltada para o desenvolvimento produtivo, a planta masculina é própria à extração da erva. “Elas reduzem em muito o período crítico da planta”, diz o agrônomo.
Fundos - Ainda no mês do outubro, deverá ser encaminhado à Assembleia Legislativa o projeto de instalação do Instituto Brasileiro da Erva-mate (Ibramate), seguindo os moldes do Fundovitis. “Queremos criar um fundo que garanta recursos para a promoção da erva-mate”, adianta o agrônomo da Emater ao CR. 
Nesse mesmo período, por iniciativa da Câmara Setorial da Erva-Mate, deve ser implementado o Instituto Gaúcho da ErvaMate. “Essa nova entidade terá a função de coordenar as ações de toda a cadeia produtivida do Estado”, afirma o agrônomo.

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