quarta-feira, 26 de outubro de 2011

QUE HAJA APENAS UMA VERSÃO DOS FATOS

"A reeleição da presidente Cristina Kirchner, com 53,9% dos votos em primeiro turno, foi tão acachapante que a coloca, em termos de poder, em situação similar à de Hugo Chávez em 2005, quando a oposição venezuelana boicotou as eleições e os chavistas ganharam tudo (...)A força política que a presidente ganhou agora, inclusive aumentando as bancadas no Congresso, lhe garante os instrumentos para aprofundar o modelo kirchnerista, caracterizado por autoritarismo, concentração do poder, protecionismo comercial (péssimo para o Brasil), intervenção na economia e ataque sem trégua à imprensa profissional e independente. A ideia é que haja apenas a versão oficial dos fatos" (editorial do jornal 'O Globo', de 26-10, 'explica' a eleição argentina sem destinar uma linha sequer à queda nas taxas de pobreza do país, que recuaram de 60% da população,em 2003, para 10% atualmente. O Globo acusa a Casa Rosada de agir para que 'haja apenas a versão oficial dos fatos". O irônico é que se houvesse apenas a versão do jornal seria impossível entender como foi que Cristina Kirchner obteve 54% dos votos no pleito de domingo. A incompatibilidade entre a narrativa conservadora e os fatos atingiu tal proporção que seu ponto de vista só não ofende a lógica se suprimir aspectos relevantes da realidade -- esbulho que não se limita ao caso da cobertura eleitoral argentina).

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