domingo, 30 de outubro de 2011

FALTA DE MUITOS SUSTENTA A FARTURA DE POUCOS

O relatório Estado do Mundo 2011, lançado no Brasil na semana passada pela parceria entre o Instituto Akatu e o Worldwatch Institute (WWI), oferece um diagnóstico abrangente e preocupante da realidade agrícola e ambiental do planeta. A começar pela constatação de que a cada ano são derrubados 13 milhões de hectares de florestas.
Produzido há 28 anos consecutivos, o estudo destaca ainda que, enquanto o mundo desperdiça um terço dos alimentos que produz, 925 milhões de pessoas passam fome. E faz outra revelação impressionante: oito milhões de agricultores da África ainda irrigam suas terras com o uso de baldes. Se a agricultura se desenvolver naquele continente, os produtores rurais poderão retirar da atmosfera 50 bilhões de toneladas de dióxido de carbono.
Os dados mostram o absurdo com que a humanidade convive: joga-se fora a comida que evitaria a morte de milhões de pessoas. Mais: enquanto em algumas regiões a tecnologia, aliada a modernos e eficientes sistemas de produção, promove recordes de produtividade nas lavouras, em outras só existe o trabalho braçal. É muita desigualdade no mesmo planeta, o que cria diferentes patamares de condições de vida, classificação que se estende também aos próprios seres humanos.
Como um país que usa baldes de água para manter sua agricultura vai competir com os que adotam a agricultura mecanizada e de precisão? E, mais cruel ainda: como nações subdesenvolvidas, aonde vive a maior parte dos famintos, conseguirão satisfazer seus habitantes se para isso dependerão de um mercado em que o alimento custa cada vez mais caro? O mundo, o que inclui o Brasil como potencial futuro celeiro mundial de grãos, precisa voltar sua atenção, e ações, para ajudar essa gente tão necessitada. O modelo que privilegia grupos com a fartura sustentada pela escassez de muitos não pode continuar vigorando

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