quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O GOVERNO, A MÍDIA E A CALCINHA

A imprensa e os comentários na internet fizeram mais pela lingerie da Hope do que o anúncio com a super model Gisele Bündchen conseguiria com divulgação no horário nobre de todos os canais abertos do país. O que era para ser – na defesa da empresa – uma peça de humor, virou assunto de governo e do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), que vai decidir se mantém o anúncio no ar.

Esse anúncio, assim como o da cerveja Devassa – que também criou polêmica –, não pode servir de desculpa para o governo sugerir proibições. Se mau gosto fosse desculpa, haveria muito mais coisa a ser tirada do ar.
Pior do que ofender mulheres com peças de humor duvidoso é vender ilusões de eterna juventude, corpo perfeito sem sofrimento etc., etc. E anúncios desse tipo passam todo dia na televisão sem que ninguém discuta seus efeitos e suas promessas enganosas.
Assim como o espectador tem liberdade de escolher o que quer ver na televisão, a consumidora tem pleno direito de comprar os produtos de que gosta ou rejeitar se achar que o anúncio é ofensivo. Não é proibindo anúncios que a Secretaria da Mulher vai conseguir mudar a mentalidade dos brasileiros – homens e mulheres.
A imprensa, em vez de se limitar a relatar a polêmica, deveria ir além do simples noticiário e perguntar às leitoras se elas se sentiram ofendidas com o anúncio e, principalmente, se levam a sério conselhos de uma celebridade que – não por acaso – também é dona de uma marca de lingerie.
Uma pergunta que a imprensa também deveria fazer é a seguinte: se o anúncio tivesse sido feito por outra modelo – que não a super famosa e super endeusada Gisele – estaria dando tamanha repercussão? Ou as autoridades do governo só prestam atenção em anúncios e notícias quando há celebridades envolvidas?

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