sábado, 22 de outubro de 2011

O LEHMAN BROTHERS E A AMNÉSIA NEOLIBERAL I

Os mercados financeiros são autorreguláveis. Os mercados financeiros sabem alocar recursos ao menor custo, com maior eficiência. Os mercados financeiros dispensam o planejamento público; tornam irrelevante a intervenção do Estado na economia. Até 15 de setembro de 2008, apesar dos indícios robustos em sentido contrário, o mantra das finanças desreguladas continuava a martelar sua supremacia urbi et orbi.

Os sinais de que as coisas não iam bem piscavam no painel de controles para quem quisesse enxergar. O Bear Stearns havia quebrado sendo adquirido pelo JP Morgan, numa operação de resgate com aportes de pai para filho fornecido pelo FED (Federal Reserve). As gigantes do crédito imobiliário norte-americano, Fannie e Freddie, respiravam por aparelhos com oxigênio do banco central norte-americano. O medo flertava com o pânico à noite. Pela manhã, no entanto, os executivos do governo, os operadores das finanças e seu ventríloquos na mídia reafirmavam a autossuficiência dos mercados nos ajustes necessários.
Mas, na segunda-feira, dia 15, logo cedo, num cochilo do governo Bush, ou quem sabe num delírio de fé neoliberal na proficiência purgativa dos mercados, estourou a notícia do pedido de falência do quarto maior banco dos EUA, o Lehman Brothers.
O desabar ruidoso da centenária instituição tornou-se o símbolo e a espoleta de um colapso econômico que já dura três anos. Nesse meio tempo, o desemprego arrebanhou mais de 40 milhões no mundo; o total de famintos ultrapassou a marca de um bilhão de pessoas; o PIB mundial esfarelou e caminha de lado; milhares de empresas quebraram, dezenas de milhares de famílias sofreram o desmonte típico dos períodos de desmanche econômico, psíquico e social.
Ainda não foi suficiente para que a lógica geradora da crise deixasse de ser prescrita como terapia para o doente.

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