sábado, 22 de outubro de 2011

O LHEMAN BROTHERS E A AMNÉSIA NEOLIBERAL II

No dia 25 de agosto, por exemplo, a fina flor da sapiência tucana reuniu-se no Instituto Fernando Henrique Cardoso para refletir sobre a oportuna pauta: “Transição incompleta e dilemas da (macro)economia brasileira”. Estavam ali expoentes da cepa que hoje, em plena crise mundial, seriam a voz e o comando do Estado brasileiro se a coalizão demotucana e não o PT tivesse vencido o pleito de 2010. Participaram os economistas André Lara Resende, Edmar Bacha, Gustavo Franco, Pedro Malan e Pérsio Arida “pais” do Plano Real, ademais de ex-presidentes e ex-diretores do Banco Central.

O fruto do ventre tucano não se deu por vencido. E dobrou a aposta na agenda do neoliberalismo ao propugnar um novo degrau de desregulação radical da economia brasileira, com perorações desabridas por maior redução do papel do Estado na sociedade, privatizações, livre conversão da moeda e, portanto, absoluta liberdade de circulação de capitais.
Três anos depois, tudo se passa como se a maior crise do capitalismo desde 29 não tivesse origem, nem causas. Ou melhor, como se a sua causa fossem Estados fiscalmente destroçados no socorro aos mercados que agora, de própria voz, ou através de seu dispositivo midiático, cobram austeridade, cortes de gastos e juros escorchantes para financiar o déficit público. Ou então, como ocorre no Brasil, negam à sociedade o direito a um Estado capaz de prover um atendimento de saúde digno, para não tributar as finanças.
Discutida no Congresso desde junho de 2008, a Contribuição Social para a Saúde (CSS), propiciaria à saúde pública recursos vinculados e intransferíveis, constituindo-se assim num imposto mais eficiente e justo que a CPMF extinta pelo conservadorismo nativo em 2007. Mas um destaque apresentado pelo DEM veta a taxação de 0,1% sobre movimentações financeiras. Sem ela, o novo tributo se torna inviável. As finanças são poupadas. A fila do SUS estrebucha.
A amnésia da opinião pública inoculada pela mídia do dinheiro ameaça o mundo com um upgrade neoliberal de conseqüências devastadoras para uma economia, e uma sociedade exauridas por três anos de penalizações. Por isso é importante lembrar. E refletir sobre as causas e consequências daquela falência de 15 de setembro de 2008, que funcionou para a crise como uma espécie de terceira torre do World Trade Center. Com a diferença que o seu efeito dominó ainda não cessou.

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