Imaginemos se um repórter passasse um dia entrevistando as pessoas nas ruas de
uma grande cidade com a mesma e única pergunta: “Para onde vais?” Com certeza,
todos, ou quase todos, responderiam indicando o lugar imediato para onde
estariam se dirigindo: lugar de trabalho, moradia, escola, espaços de lazer etc.
Nem poderíamos esperar outras respostas, a não ser a indicação do
imediato.
Porém, a experiência dos beduínos e a dinâmica da fé nos sugerem
outros horizontes mais amplos e infinitos para onde nos dirigimos, sempre. No
mesmo caminho, onde vamos indo para nossas paradas imediatas, nosso espírito não
pode parar por ali, nem se fixar como se fosse a última parada.
Fixar-se
parece ser um sonho natural dos humanos. Criar espaços seguros; construir
moradias com todas as possíveis comodidades; fazer jardins e montar cenários
deslumbrantes levam tantos a investir tudo, como se fôssemos eternos no tempo e
ilimitados no espaço.
Mas a vida humana não consegue parar por aqui, nem
contentar-se com o que é finito. “Porque não temos aqui cidade permanente, mas
estamos à procura da cidade que está para vir” . É constitutivo de
nossa condição humana sermos peregrinos. Nossa história é uma passagem com data
de chegada e data de partida para o encontro definitivo. Nossos cemitérios
costumam registrar o percurso do tempo que por aqui passamos numa lápide
memorável.
Para onde vamos nós? Viemos de um passado e vivemos num presente,
rumo a um futuro que nos coloca sempre em estado de peregrinos. Não nos cabe
truncar nossas mais profundas aspirações e negar a necessidade de eternização de
nosso viver. Como finitos, estamos sempre impelidos ao infinito.
Aqui,
enquanto caminhamos na terra, pode acontecer um pouco de tudo, mas nunca
poderemos apagar de nossa existência a eternidade que nos motiva a investir
naqueles bens que vão garantir a plenitude. Crer, amar e esperar parece ser a
atitude cotidiana mais adequada para quem quer chegar bem onde completaremos o
projeto de vida, que Deus colocou em nossas mãos, como dom e
responsabilidade.
Sempre me chama atenção o testemunho de uma jovem
cadeirante. Diz para todos que é uma pessoa feliz porque crê. “A fé me faz andar! Se as
pernas não me ajudam, o espírito me leva e traz, onde encontro ânimo e motivos
de viver”.
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