sexta-feira, 25 de maio de 2012

O CASAMENTO EM TRÊS TEMPOS



Jenifer e Ryan encontraram-se numa festa. Foi amor à primeira vista. Depois de um tórrido namoro de seis meses casaram-se. Tudo foi planejado para uma cerimônia inesquecível numa pequena e rústica igreja, num parque no estado norte-americano do Vermont. A música, a decoração da igreja, os convites, o vestido da noiva, o buquê, enfim, todos os detalhes foram preparados. O encanto da hora não permitiu escutar o Evangelho que falava da casa construída sobre a areia (Mt 7,24). No final, um beijo cinematográfico, longamente aplaudido e começava o sonho de vida a dois. Uma certeza: seriam felizes para sempre.
Os problemas começaram logo. O fotógrafo contratado para registrar a cerimônia acabou se distraindo e perdeu alguns dos momentos marcantes do casamento, inclusive o arremesso do buquê. Segundo os noivos, ele estava alcoolizado. O assunto acabou nos tribunais. O juiz teve certa flexibilidade na sentença: o fotógrafo pagaria 48 mil dólares ou poderia coordenar e refazer toda a cerimônia. Ele optou por essa alternativa, mas encontrou dificuldades: a noiva estava na Europa, voltara a casar e seu endereço era desconhecido. E a atual esposa de Ryan, com ciúmes, opôs-se à reconstituição. Elemento complicador: o casamento foi em 2003 e alguns dos participantes já morreram.
O casamento é o momento mais importante de uma vida e isto supõe uma inteligente preparação. Porém, muitos esquecem que o casamento não é uma cerimônia, não é apenas um momento, mas uma vida. É o lance mais importante do jogo da felicidade. E este acontecimento desdobra-se em três tempos: antes, durante e depois.
Cada uma dessas etapas tem seu peso, mas o antes é decisivo, é a base sobre a qual será erguido o edifício. Muitas vezes, esse tempo é desperdiçado. Nós nos amamos e isto basta, pensam. E o tempo é gasto em superficialidades. Muitas vezes o depois ocupa o lugar do antes. Namoro é um tempo de conhecer-se, conhecer o outro ou a outra, educar-se e planejar o futuro. Isso implica em moradia, subsistência, filhos, educação, trabalhar ou não trabalhar fora, a relação com os pais e sogros.
O durante é um instante muito curto. E pode ser apenas aparências. Muitos se preocupam com a moldura - as aparências - e esquecem o quadro. O depois vem em linha direta do antes e pode ser ilusão, uma triste passagem do sonho para a realidade. A preocupação de ser feliz pode esconder o essencial. Amar não é querer ser feliz, mas fazer feliz a pessoa amada. Vale, sobretudo para o casamento, a norma: remediar nem sempre é possível. É mais inteligente prevenir. A sabedoria antiga lembrava: para conhecer alguém é necessário antes comer juntos um saco de sal. E o Evangelho pede construir sobre a rocha.

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