terça-feira, 8 de maio de 2012

ESTÁ NAS MÃOS DE DILMA O CÓDIGO FLORESTAL

Serenidade, calma, sangue-frio e tranquilidade. Essas palavras foram usadas pelo secretário-geral da presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, na quinta 26, para definir como a presidente Dilma Rousseff analisaria o novo texto do Código Florestal, aprovado pela Câmara na noite anterior.
Após quase 13 anos de tramitação, o novo Código não agradou ao governo e nem a ambientalistas. O governo foi derrotado em sua proposta de manter o conteúdo acordado no Senado e a tendência é de que itens sejam vetados, o que deverá prolongar a disputa entre a poderosa bancada ruralista e o Planalto e seus aliados.
A presidente tem 15 dias para avaliar o novo Código, a contar da chegada deste ao Planalto. E precisará de tempo, porque as alterações introduzidas pelos deputados no texto viraram um “monstrengo”, na definição do ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, que leva em consideração pontos confusos e/ou duvidosos. Aliás, suas recomendações e mais as da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, serão muito importantes para as decisões de Dilma. Poderão, em outras palavras, determinar a dimensão dos vetos da presidente.
Também terá peso, obviamente, a realização, em junho, no Rio de Janeiro, da Rio + 20, que atrairá dezenas de chefes de Estado e ambientalistas do mundo. E o Brasil não quer ser um anfitrião marcado por maus exemplos. Por outro lado, nunca é demais recordar que a oposição poderá derrubar as restrições do governo.
Como foi - Por 274 votos a 184, os deputados da bancada ruralista conseguiram mudar o texto-base do novo Código Florestal, na Câmara dos Deputados, aprovando as modificações apresentadas pelo relator da matéria, deputado Paulo Piau (PMDB-MG). Na votação dos destaques, os parlamentares ligados ao agronegócio derrubaram, por exemplo, a obrigação de divulgar na internet os dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR).
Também foi retirada do texto aprovado pelo Senado a possibilidade de o Ibama bloquear a emissão de documento de controle de origem da madeira de Estados não integrados a um sistema nacional de dados sobre a extração. Os ruralistas conseguiram ainda derrubar um destaque que propunha que fosse retirada do texto a possibilidade de o Poder Público diminuir a reserva legal até 50% em áreas de floresta na Amazônia Legal de imóvel situado em Estado com mais de 65% do território ocupado por unidades de conservação pública ou terras indígenas, ouvido o Conselho Estadual de Meio Ambiente. Um dos principais beneficiados com isso é Rondônia, Estado do presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Moreira Mendes (PSD).
Uma emenda apresentada pelo DEM, aprovada pelo plenário, derrubou a obrigatoriedade de recompor 30 metros de mata em torno de olhos nascentes de água nas áreas de preservação permanente (APPs) ocupadas por atividades rurais consolidadas até 22 de julho de 2008. O plenário rejeitou o destaque do PSC ao substitutivo do Senado e confirmou a retirada do texto da regra de recomposição de vegetação nativa em imóveis de agricultura familiar e naqueles com até quatro módulos em torno de rios com mais de 10 metros de largura.

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