Quando falo de Jesus eu nunca digo que ele me
apareceu, falou comigo ou soprou alguma coisa nos meus ouvidos. E não digo
porque seria fantasia ou mentira. Se ele falou a outros cristãos e crentes, que
bom para estes irmãos! Comigo, ele nunca falou nem deu sinais claros, sensíveis
e visíveis. Eu tive e tenho sempre que recorrer à reflexão e à dedução, porque a
mim não foi dada até hoje a graça de receber visitas do céu.
Mas quem acha
que, por isso, eu creio menos ou me tornei descrente, engana-se. É preciso ter
muito mais fé para proclamar e aceitar o que não se sente nem se vê do que para
proclamar o que cremos ter visto e sentido. Na Igreja sempre houve o embate
entre quem diz que ouve, sente, toca e é tocado e os que dizem que não ouvem,
não sentem, nem são tocados, mas afirmam que Deus existe e age. Para ser cristão
não é preciso sentir e sim assentir. Muitos que sentiram acabaram não assentindo
e muitos que não sentiram, perseveraram. Tereza de Ávila e Anselmo de Cantuária
merecem estudos por sua fé guiada pelo intelecto. Com eles, Thomás de Aquino,
Meister Eckhart e centenas de cristãos que usaram da reflexão para se manter na
fé.
Não acertaram em tudo, mas os emotivos também nem sempre acertam.
Não vejo muita diferença entre o cristão que diz que Jesus nunca lhe deu
nenhum recado atual, mas crê, e o outro que diz que Jesus lhe fala toda
quinta-feira na missa especial daquele padre especial. Os dois podem estar
errados e os dois podem estar falando a verdade.
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