Os contrastes são comuns em nossas cidades. É o caso
dos arranha-céus ao lado das favelas. Também impressiona o grande número de
pessoas obesas, superalimentadas ou mal alimentadas, contrastando com a legião
dos famintos. Templos do consumo, os super e hipermercados mostram a civilização
da abundância e do supérfluo. Seus letreiros luminosos ajudam perceber as
lixeiras, que por vezes, se transformam em mercados para os miseráveis. Numa
lixeira, pobre, barbudo e esfarrapado, um excluído examinava com a atenção os
depósitos. De vez em quando abria um saco de lixo, examinava com cuidado e, por
vezes, retirava algo que seria útil.
Lixo é sinônimo de sujeira, de coisa
imprestável, de resíduos mal cheirosos, objetos descartados. Fere a lógica e o
bom senso abrir um saco de lixo para ver o que existe dentro dele. Isso só se
justifica se a pessoa perdeu algo de precioso e imagina poder recuperá-lo. É
verdade que nem todo o lixo é lixo. Nas latas de lixo, muitas vezes vão parar
coisas que ainda seriam úteis. A reciclagem se encarrega de selecionar, separar
e recolher latas, vidros, metais. O material orgânico, mesmo em decomposição,
pode ser aproveitado como adubo ou mesmo para geração de eletricidade.
A vida das pessoas nunca é como a desejamos. Há coisas boas, mas também existem
pontos negativos. Normalmente são esses que marcam uma vida. O passado é
contraditório. Há coisas na nossa vida que existem, que aconteceram; nada pode
ser mudado nela. Aceitá-las é um ato de inteligência. Inteligência maior é saber
integrá-las. Porque é imutável, preciso aceitá-la e fazer dela um novo ponto de
partida. É impossível voltar no tempo e fazer um novo começo, mas podemos
começar agora e preparar um novo fim.
É pouco inteligente abrir os sacos do
lixo do passado, a não ser que tenhamos perdido nele alguma coisa preciosa.
Realidades perdidas podem ser reencontradas. Por vezes, deixarmos cair no lixo
do esquecimento nossos sonhos e desejos. Nunca é tarde para recomeçar e
recomeçar de outro jeito. Os erros só são inúteis quando nada nos ensinam. O
passado, independente de como foi, pode ser a melhor escola da vida. Não podemos
apagar nossos erros, mas podemos aprender com eles.
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