quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

OS JORNAIS E O CIPÓ DE TARZAN

Tarzan pula de um cipó para outro ao se deslocar pela floresta. É um clichê para lá de conhecido, que inclui um movimento que passa despercebido pela maioria dos admiradores do personagem criado em 1912 por Edgar Rice Burroughs. É quando o herói das selvas africanas solta o cipó onde estava agarrado com segurança e pega o outro, na expectativa de que seja igualmente seguro. Na ficção, Tarzan nunca pega um cipó inseguro, o que o livra de tombos constrangedores, mas todo mundo sabe que é impossível saber de antemão qual é o bom e qual é o podre.

A indústria dos jornais enfrenta hoje a mesma situação. Precisa abandonar um cipó seguro, o modelo de negócios baseado na receita publicitária, por outro cipó, um sistema cuja segurança ainda é uma incógnita. Tarzan não pode pensar antes de pular de um cipó para outro porque, se o fizesse, não sairia do lugar. Mas os jornais só querem o que for seguro, porque temem perder privilégios e bens, o que os leva a meditar sobre cada passo e tender ao imobilismo.
Esta parábola serve para ilustrar o contexto da indústria da comunicação contemporânea, em especial a dos jornais. É impossível fazer uma escolha a prova de erros porque estamos em plena transição de um modelo de negócios jornalísticos para outro, que está sendo identificado na base da experimentação empírica, no erro e acerto. Portanto, não há como evitar o risco e muito menos a possibilidade de um fracasso.
Aqui está a grande diferença entre Tarzan a indústria dos jornais. O mítico personagem das historias em quadrinhos e do cinema arrisca a cada troca de cipó. Já nossos executivos temem o risco, porque acumularam demasiado prestigio e fortuna. Estão mais presos ao passado do que dispostos a apostar no futuro. Já se esqueceram que os fundadores dos grandes impérios jornalísticos atuais fizeram uma aposta arriscada há décadas, e em vários casos mais de um século atrás.

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