sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A MATURIDADE SE MEDE PELO MODO DE AGIR NAS ADVERSIDADES

Em pleno meio-dia, a caminho do mosteiro, dois monges tiveram de atravessar um córrego com suas águas aumentadas pela chuva. O mais velho deles percebeu um escorpião lutando contra o redemoinho das águas. Estendeu a mão para salvá-lo e, assim que o fez, o escorpião picou seu dedo causando forte dor. Instintivamente, o monge sacudiu a mão e o escorpião caiu na água. Alcançada a margem, o monge pegou de um caniço e, finalmente, salvou o escorpião. Essa atitude escandalizou o monge mais jovem, que o questionou: esse inseto venenoso deveria morrer e você o salvou! Com um sorriso, fruto da idade e da sabedoria, explicou: este é o meu método de agir, totalmente diferente do agir do escorpião. A maturidade de uma pessoa se mede a partir de seu modo de agir diante das adversidades. A pessoa madura continua agindo da sua maneira, enquanto a imatura reage. É assim que começam as disputas familiares, as crises sociais e as guerras. Pagar o bem com o mal é diabólico, pagar o mal com o mal é humano, mas pagar o mal com o bem é divino.
Muitos povos antigos consideravam a vingança como o prazer mais refinado. Aniquilar, humilhar, tornar impotente o inimigo era a suprema satisfação. E a vingança, avaliavam eles, para ser compensadora, devia ser maior que a ofensa. O mal era respondido com um mal maior e o vencido sonhava com o dia da vingança. Era a teoria do olho por olho, dente por dente. Mas a resposta sempre tendia a ser maior e assim surgia o infernal círculo vicioso da violência.
O Evangelho ensina o segredo de uma vingança perfeita: o perdão. E não se limita a uma única vez. Contrariando Lamec, descendente de Caim, que pretendia vingar-se setenta vezes, Jesus pede que perdoemos setenta vezes sete. E isso não é suficiente: além de perdoar, somos desafiados a amar o inimigo. E Ele deu o exemplo supremo no alto da cruz, pedindo ao Pai: perdoai-os porque não sabem o que fazem (Lc 23,34).
Se pagamos o mal com o mal, estamos pagando com a mesma moeda e receberemos nesta moeda. Se pagamos o mal com o bem, estaremos figurando entre os discípulos do Mestre. Mas se pagarmos o bem com o mal nos identificamos com o escorpião. Somente o bem é capaz de vencer o mal. Perdoar é zerar o mal. E quando fazemos isso, a paz infinita descerá sobre nós. O perdão cura, alivia e salva. Perdoar é a maior recompensa que podemos dar a nós mesmos.

A mágoa, mais que ao inimigo, prejudica a nós mesmos.

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