segunda-feira, 11 de julho de 2011

QUANDO A IMPRENSA É NOTÍCIA, UM DOS DOIS ESTÁ DOENTE.

Quando a imprensa é notícia, um dos dois está doente – a imprensa ou a notícia. No momento, quem está gravemente enferma é a imprensa mundial e não apenas o tablóide inglês News of the World que deixará de circular neste domingo (10/7) depois de 168 anos de vida.

O vilão nesta história não é o jornalismo sensacionalista (a “imprensa amarela”, como é chamada em toda parte, exceto no Brasil; marrom, por óbvias razões). Irresponsável não foi o ex-diretor do semanário Andy Coulson ou seu repórter preferido, Clive Goodman, detidos na sexta-feira (8/7) pela Scotland Yard sob aplausos gerais.
O bandido inconfundível é o magnata nascido australiano Rupert Murdoch, o 13º homem mais poderoso e 117º mais rico do mundo, dono do jornal liquidado e uma das figuras mais nefastas da galeria contemporânea, patrão e patrono da extrema-direita americana e das afiliadas em todos os continentes. A Fox News de sua propriedade é um alto-falante com 85 milhões de assinantes cativos dispostos a acreditar em qualquer uma de suas mentiras e delirantes cruzadas.
O episódio seria classificado como irrelevante, localizado, se a conjuntura fosse outra. A grave crise econômica americana é filha da delirante direita que jogou o país em duas aventuras guerreiras praticamente simultâneas, caríssimas e, inevitavelmente, perdidas.

O desastre financeiro de 2008 resultou do culto desmedido ao deus Mercado que nenhuma figura decente e lúcida ousaria enfrentar com receio de ser fichada como comunista pela mídia de Murdoch e seus cães de guarda.
O News of the World não deixará saudades. É o preço que as sociedades pagam para ter notícias de um mundo menos sórdido.



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