terça-feira, 26 de julho de 2011

O DINHEIRO É BOM OU RUIM?

A comunicação instantânea, num mundo globalizado, possibilita que todos tenham 15 minutos de celebridade. Isto pode acontecer por um grande feito, por um escândalo ou por uma atitude estranha ou ridícula. Michael Newdow, um advogado norte-americano, teve seus 15 minutos de notoriedade. Isso ao solicitar, à Corte Suprema dos Estados Unidos, a retirada da frase “Confiamos em Deus” das notas do dólar.

A proposta foi rejeitada, mas Michael pretende voltar à carga. Ele argumenta que é uma intromissão indébita na vida do cidadão que não é obrigado a crer em Deus. Para o advogado, trata-se de uma tentativa de promover a ideia de que crer em Deus é bom. Ele diz representar os ateus.
A famosa inscrição “In God we trust” aparece nas notas do dólar desde os anos 70 do século XIX. A frase originou uma afirmação irônica, segundo a qual os americanos acreditam no dólar, em primeiro lugar, depois em Deus. Uma enquete do Instituto de Pesquisas Gallup revela que 90% dos norte-americanos veem com bons olhos a presença desse lema nas moedas e notas do dólar. Portanto, sua retirada é improvável.
Ao longo da história religiosa foi repudiada a ligação entre Deus e o dinheiro. Jesus foi categórico: “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6,24). Da força do dinheiro surgiram guerras, traições, assassinatos, negação de valores. O próprio Jesus, o Filho de Deus, foi vendido por Judas por 30 moedas de prata. Para o escritor Giovanni Papini o dinheiro é a mais infame das invenções do homem. Essa posição parece encontrar apoio em Francisco de Assis, que não admitia sequer tocar numa moeda.
Na realidade, o dinheiro é apenas uma mediação. Serve para o bem e para o mal. Ele pode ser um ótimo empregado, mas torna-se um péssimo patrão. O dinheiro é sagrado quando usado para a família, para a vida, quando é partilhado. Porém, quando se torna patrão de alguém, ele exige a adoração e pretende substituir todos os valores. Por isso Jesus garante: não podeis servir a Deus e ao dinheiro. Eles são incompatíveis.
E o dinheiro não pode tudo. Pode comprar o remédio, mas não a saúde; pode comprar um livro, mas não a sabedoria. Pode comprar uma cama, mas não um sono tranquilo; pode comprar o prazer, mas não a felicidade. Pode comprar uma casa, mas não pode comprar um lar; pode comprar tesouros na terra, mas nunca poderá comprar o céu. Além de tudo, o dinheiro é venal: quando sobrevém a morte do seu dono – ou criado - ele procura um novo senhor. Sim, confiamos em Deus, mas devemos também desconfiar do dinheiro, de suas origens e de seus projetos.



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