segunda-feira, 18 de julho de 2011

FUTEBOL É A PÁTRIA DE CHUTEIRAS

A ironia e as pesadas críticas à incapacidade de fazer gols demonstrada pela atual geração, endeusada por seu talento, podem surpreender quem se dispõe a analisar a mídia com alguma objetividade.

Em condições normais de jornalismo independente, a imprensa sempre manteve um olho no desempenho dos craques que representam a renovação do selecionado, após o fracasso na Copa de 2010, e outro olho nas irregularidades que brotam da Confederação Brasileira de Futebol.
Os atrasos e outros problemas na construção da infraestrutura para a Copa de 2014 têm sido fiscalizados com olhar vigilante pelos jornalistas. Mas bastou a bola rolar que desaparece todo senso crítico, a imprensa esquece completamente seu papel e o jornalismo vira torcida rasgada.
Se, como disse o controverso jornalista Nelson Rodrigues, “a Seleção é a pátria de chuteiras”, pode-se afirmar que o futebol é a doença infantil do jornalismo brasileiro. Como no ensaio publicado por Vladimir Illich Lenin em 1920 – no qual criticava a esquerda alemã por tentar isolar os dirigentes partidários das massas operárias, acreditando que as massas saberiam buscar seus objetivos – também a imprensa esportiva brasileira finge que o futebol pode vencer tudo só com o talento e a torcida, apesar dos problemas com a estrutura dirigente das instituições futebolísticas.
Por trás da cobertura jornalística desenrrolam-as as disputas por poder e pelas gordas parcelas de publicidade que os anunciantes despejam na mídia – e esse é o mundo real do futebol.
Ignorar a corrupção e os abusos envolvidos na organização dos campeonatos é comportamento infantil, que se revela também nas reações iradas quando a vitória não vem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário