quarta-feira, 20 de junho de 2012

UMA MEDICINA QUE INCLUI OS POBRES, OUTRA QUE EXCLUI E A OUTRA QUE OS ESMAGA.


Conto uma história e o leitor conclua, porque eu já concluí. Felizmente, este país tem bons advogados. Existe uma medicina que inclui os pobres, outra que os exclui e outra que os esmaga. Dá-se o mesmo com a política e com a religião. Há o imposto justo e o escorchante, o dízimo justo e o escorchante e a medicina justa
e a escorchante.

Em algum lugar deste país um casal está devendo 35 mil reais por um parto porque, enganado por um contrato, pensou que a internação por emergência num hospital de ponta lhe dava direito ao parto. A mãe é portadora de enfermidade que exige cuidados constantes. Foi internada e o parto foi realizado. Não pagou as despesas da internação que achava que sua carteira profissional e sua filiação ao sindicato cobririam. A conta veio implacável.
Eles não têm como pagar. Nem se vendessem tudo o que possuem… Não lhes resta senão recorrer à advocacia do Estado. São e serão inadimplentes. Quanto aos dois médicos que realizaram a cirurgia é de se perguntar se a fariam caso soubessem que o casal é pobre, mas internou-se no hospital errado. É de se perguntar também se perdoariam a dívida. Como não foi nem será o último parto caro realizado por eles, fariam uma doação? Há médicos pobres, mas esses dois não devem ser, posto que atuam naquele hospital de ponta. Perdoarão a dívida? Alguns médicos o fariam, com certeza. Conheço vários deles. No caso mencionado, a causa acabará num tribunal?
Um país que custeia construções gigantescas para uma Copa do Mundo pode ou não pode custear uma operação de alto risco num lugar de ponta para uma mãe pobre? Neste caso, como devem eles proceder? Bons advogados sabem como agir! E há advogados que os defendem de graça. É desta graça que os pobres precisam num país de medicina de alto padrão, mas também de alto preço…

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