terça-feira, 5 de junho de 2012

TUDO DEPENDE DO JEITO E DO AFETO

Roberto Carlos e muitos adeptos da jovem guarda nos anos 60 chamavam os amigos de cara ou de bicho. Os novos baianos usavam a expressão tigresa ou tigre para se referirem aos amigos, misto de civilizados e selvagens. Outros chamam os amigos ou amigas de gato, gata, de cachorra e cachorrão. Tudo é visto como expressão de carinho. Isso mostra que as palavras têm sentido relativo. O que está no dicionário é uma coisa e o que está no cotidiano das pessoas é outra. Tigre ou tigresa, com z ou s, não quer dizer animal; gato e gata não quer dizer felino. Combater não adianta, até porque o sentido está com quem fala e com quem recebe, e não com os de fora. Alguém pode ser chamado de negão e adorar o apelido. Soa como respeito pela cor e pela cultura do outro. Mas um sujeito azedo que use a mesma palavra de maneira depreciativa pode acabar num tribunal.
O ideal e o correto é jamais apelidar alguém com nomes depreciativos. Dias atrás, vi alguns jovens tratando-se aos risos por anta, hiena, gambá. Ninguém se ofendia. Talvez queiram dizer por dizer, porque puxa assunto e provoca riso. Não há como fugir aos apelidos, sobretudo entre amigos e jovens, mas se depender de nós apelidemos para elevar e não para diminuir. Conheço uma menina estudiosa e apaixonada por livros que, de vez em quando, é descrita como portadora de DNA de traça. Ela não se ofende. Os amigos admiram. O apelido já levou muitos jovens ao gosto pela leitura.
Tigre, leoa, gato, traça, beast, animal… Tudo depende do jeito e do afeto…

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