Um dia destes, vi e vivi um fato como nunca havia imaginado. Participando de um
programa de rádio, coordenado por famoso comunicador, presenciei uma entrevista
dele com uma menina de seis anos. A idade já era um fator que chamava atenção, a
presteza nas respostas mais ainda e o assunto da entrevista era simplesmente
dramático.
A reação dos ouvintes foi imediata. A presença dos funcionários da
rádio também confluía para o local e a atenção de todos foi grande. Qual a razão
desta curiosidade e mobilização? O quadro geral descrito pela menina foi um
inédito cenário de cinema.
Acompanhavam a menina a mãe, em lágrimas, e mais
dois irmãozinhos. Tudo começou quando o pai e marido os abandonou num barraco em
ruínas. Por pior que fosse, ao menos era um recanto de proteção, mas por não
pagarem mais o aluguel foram despejados pela justiça injusta.
No desalento e
na miséria, a fome começou a atormentar a mãe e as crianças. Daí vem o assunto
da menina entrevistada. Depois de um dia sem qualquer alimento, passando a noite
em companhia da fome, acordou de manhã para ir à escolinha do bairro e não tinha
sequer um pedaço de pão. Por eventualidade, a menina de seis anos encontrou uma
revista que trazia, numa das páginas, a fotografia de uma lasanha.
A
imaginação da menina, aguçada pela fome e atraída pela oferta e a beleza da
propaganda, não hesitou em rasgar a página para começar a comê-la, como se
estivesse se alimentando da lasanha. Por desgraça, o papel e a tinta provocaram
nela uma intoxicação e a criança, além da fome, ficou muito mal.
Escutando e
vendo o desembaraço da menina na hora da entrevista, o fato se tornou motivo de
comentários amplos em muitos ambientes e meios de comunicação. Sorte que a boa
fama do comunicador e a situação comovente criaram uma reação positiva que
resultou em ajuda imediata e encaminhamentos de acolhida e socorro.
Este
episódio, por ser inédito, chama atenção! Ao mesmo tempo se faz sentir o desafio
para situar as raízes profundas destas problemáticas e as possíveis soluções,
como: o investimento na educação da liberdade na responsabilidade, o resgate da
família como santuário da vida, a atenção à problemática social que continua
desencadeando a cultura da morte, a retomada da política conforme a sua
natureza, o apoio aos mecanismos de inclusão social e, acima de tudo, a educação
e a prática da solidariedade.
Graças a Deus, ainda existe sensibilidade pelos
dramas humanos no meio de nosso povo. Importa, como nunca, organizar, com
seriedade e determinação, a caridade como serviço em favor da vida e como
caminho de mudança, onde o pobre não é mais atendido por “pena”, mas por direito
e por acreditar que ele possa ser sujeito de sua história.
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