quarta-feira, 20 de junho de 2012

A ALEGRIA É SEMPRE CONTAGIANTE.

Lembro que, há uns dez anos, um conhecido escritor registrou uma corajosa observação referente ao comportamento do povo brasileiro. Dizia ele: “Em geral, a nossa gente sabe bem se divertir, mas nós não somos um povo alegre”. Alguns levaram por ofensa, outros continuaram analisando e concordaram. Usufruir alguns momentos de alegria é diferente do que ser alegre. Tudo vai do modo como nos contentamos com a vida.
A superficialidade do viver humano contenta-se com pouco, e o pouco não tem duração, a não ser o momentâneo. Ter um instante de sadia diversão faz bem! É uma necessidade! Porém não é o bastante para garantir uma vida alegre. A alegria é um sentimento que dá plenitude à vida e brota da satisfação das aspirações profundas do coração humano. De certo modo ela é indescritível, mas, quando vivida, garante uma lembrança mais ou menos forte, segundo sua veracidade e intensidade.
Existem temperamentos que, ao natural, são mais extrovertidos e alegres e existem outros que são mais introvertidos e sérios. Tanto para uns como para outros o desafio é ir além do natural para favorecer a justa medida entre a euforia leviana e a seriedade pesada. Humanamente, a alegria é sempre contagiante e libera a capacidade de aproximar. A tristeza e o fechamento, porém, tendem a distanciar e isolar.
Os chineses cultivam um princípio simples para o êxito de certos empreendimentos: “Se tu não sabes sorrir, não deves abrir uma loja!” Daí se confirma o que todos sabemos: “Se o coração é teu, o rosto é dos outros”. A alegria é um precioso valor humano para favorecer a tudo e a todos. Para tanto, tem que ser cultivada.
Havia numa aldeia dos sertões deste Brasil um idoso feliz. Todos o admiravam pela sua capacidade de sorrir e animar os que dele se cercavam. Era conhecido e estimado por todos pela sua contagiante alegria. Passavam os anos e ele continuava jovial e feliz, mesmo com os limites da idade.
Dois jovens universitários, sabendo deste personagem querido, num certo dia foram entrevistá-lo e logo perguntaram a respeito do segredo de sua permanente alegria. Com um sorriso característico, o velho disse: “Tudo é muito simples! Meu segredo é que aprendi a estar todo e por inteiro onde eu estou e no que eu faço. Quando durmo, eu durmo; quando me alimento, eu me alimento; quando trabalho, eu trabalho. Vocês, em geral, quando estão acordados, querem dormir; quando estão trabalhando, já estão querendo descansar; quando vão estudar, ficam com a cabeça pensando no esporte. Não tem coisa pior do que estar sempre deslocado”.
Estar por inteiro e jogar-se de todo no lugar e na tarefa que nos envolve; dar tudo de si para o momento que se vive; imprimir em tudo as marcas da bondade e do bem; cultivar no presente relacionamentos de solidariedade e cuidados de respeito; saber que colheremos amanhã o que semeamos hoje; ser autêntico no dizer, no ser e no fazer, certamente garantirá uma vida de alegria e rica de sentido.

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