quarta-feira, 27 de junho de 2012

FINAL FELIZ


O futuro não é um lugar para onde vamos, mas um lugar que estamos construindo

 Depois de meses de difícil negociação, aconteceu o final feliz. O contrato, assinado naquela tarde, significava aumento da produção de empregos e de lucros. Aliviado da tensão dos últimos tempos, o diretor permitiu-se um luxo muito raro. Sentou-se no bar da esquina e pediu um lanche: batatas fritas e um chopinho.
Ainda não fora servido quando um mendigo se aproximou dele e pediu uma esmola, ele nem tinha almoçado. De bem com a vida, o empresário quis saber onde ele morava. Não tenho morada, durmo num banco ou debaixo de uma árvore. O senhor não tem família? Eu já tive, mas por causa da bebida todos me abandonaram. Ele continuou: meu pai era alcoólatra, não pôde me dar estudo. Mais ainda: ele batia na mamãe e no meu irmão. Um dia eu fugi e nunca mais voltei para casa. E concluiu:
se meu pai tivesse sido diferente, hoje eu seria um cidadão de bem, trabalhador e com família.
Foi a vez do empresário contar a própria história. Era quase igual à do mendigo. O pai bebia, maltratava a família e a mãe morreu cedo. Ele teve de sair da casa e procurar trabalho. Começou como balconista e tratou de estudar. Hoje ele possui uma família feliz: esposa e dois filhos e preside uma sólida empresa com mais de 200 funcionários. O garçom ainda não havia trazido seu lance. Ele tomou certa quantia em dinheiro e explicou: isto é suficiente para jantar e um quarto num hotel popular. Enquanto o mendigo agradecia efusivamente, imaginou que aquele homem representava o que ele poderia ter sido.
A vida não é aquela que sonhamos, mas aquela que fazemos. O futuro não é um lugar para onde vamos, mas um lugar que estamos construindo. Duas histórias parecidas, dois finais totalmente diferentes. O mau exemplo paterno jogou a um na marginalidade. Para o outro, foi um desafio.
Uma saída fácil e desastrosa é culpar os outros pelos nossos fracassos. Culpamos os pais, os professores, os vizinhos, o sócio... Sou assim porque a vida me maltratou, é a justificativa. Não devemos perguntar-nos o que a vida nos preparou. A pergunta correta é: o que fizemos daquilo que a vida nos preparou? Uma pedra, para um é tropeço, para outro é degrau.
Outra desculpa enganadora: agora é tarde demais. É sempre tempo de recomeçar. Se você está vivo, não é tarde demais. Talvez não seja possível recuperar tudo, mas podemos recuperar um pouco do terreno perdido. Certamente, não é possível voltar atrás, apagar o passado e começar de novo. Mas é possível começar agora, do ponto onde estamos, e preparar um final digno e feliz. A última palavra ainda não foi proferida

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