Basta o termômetro marcar graus centígrados a menos
que o corpo acusa dores a mais. Não é mera coincidência, as baixas temperaturas
podem, sim, influenciar direta ou indiretamente na saúde, seja devido ao menor
fluxo de sangue ou às contraturas musculares.
“Para tentar manter a
temperatura corporal em torno de 36ºC e economizar energia, os vasos se contraem
e a circulação sanguínea diminui”, explica Fernando Baldy dos Reis, professor do
departamento de Ortopedia e Traumatologia da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp). “Por isso, principalmente as extremidades têm a sensibilidade
aumentada e acabam ficando mais suscetíveis à dor”, completa.
Além disso,
segundo o especialista, em busca de mais calor, a musculatura tende a se
contrair, resultando em mais dor. Nas articulações, pode haver diminuição na
produção do líquido sinovial, levando ao enrijecimento articular e à dor.
A
transmissão nervosa para o controle da dor também diminui com o frio, podendo
piorar os quadros dolorosos em geral, mas principalmente os de coluna de origem
muscular.
Como se não bastasse, até a postura muda, já que uma pessoa
exposta ao frio tende a se encolher naturalmente. Com isso, acaba adotando uma
posição inadequada especialmente para a coluna, que em geral fica muito curvada.
Essa é uma das explicações para a maior incidência de torcicolos durante o
inverno. Há também o fator emocional. A influência de uma estação mais fria pode
alterar o humor e, consequentemente, a percepção da doença e da dor.
Além do
aumento das dores na coluna, os meses mais frios também trazem mais sofrimento
aos pacientes portadores de artrose, que acomete as articulações, pelas mesmas
mudanças fisiológicas do organismo. “A dor costuma se agravar porque no inverno
as pessoas ficam mais encolhidas, os músculos mais contraídos, há uma diminuição
no fluxo sanguíneo por constrição vascular e a friagem deixa a sensibilidade
mais evidente”, confirma a fisioterapeuta Sylvia da Cunha Henriques. “O
atendimento a pacientes com dores nas articulações chega a aumentar 30% no
inverno”, afirma.
“A principal medida de prevenção contra as dores do
inverno é manter-se bem aquecido”, orienta o ortopedista Baldy. Portanto,
recorrer a um bom agasalho antes de sair de casa, proteger a cabeça com toucas,
o pescoço com mantas e as mãos com luvas são medidas recomendadas pelo
especialista. “Na hora de dormir, além do cobertor, vale usar bolsa de água
quente nas extremidades”, diz.
Outra medida importante é manter a prática de
atividade física durante o inverno. Essa orientação vale para qualquer pessoa,
mas principalmente para os que sofrem com dores nas articulações, observa a
fisioterapeuta Sylvia. Porém, antes de exercitar-se, é preciso preparar o corpo,
para evitar distensões, torcicolos etc. “No frio, os exercícios de aquecimento,
feitos antes da realização de esforços maiores, e os de alongamento, ao final da
atividade, não podem ser dispensados”, explica Sylvia. “De preferência, os
exercícios devem ser supervisionados por um profissional da área”, recomenda.
Para quem não deseja enfrentar o frio das ruas, a fisioterapeuta afirma que
alguns exercícios de alongamento matinais, realizados em casa mesmo, melhoram a
circulação do sangue e podem aliviar bastante as dores.
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