terça-feira, 3 de janeiro de 2012

VALIDADE VENCIDA

O Globo destaca que o comércio exterior bateu todas as expectativas e marcou novo recorde em 2011. Segundo o Estado de S.Paulo, esse foi um dos quesitos em que os analistas mais erraram nas previsões feitas há um ano. A aposta para o superávit comercial foi tímida – em torno de US$ 8 bilhões – e o ano terminou com um número quatro vezes maior, de quase US$ 30 bilhões.
O investimento estrangeiro direto foi outro item do desempenho da economia nacional em que os analistas erraram feio, por excesso de conservadorismo: em janeiro de 2011, a média prevista pelos especialistas era de um total de US$ 39,5 bilhões para os doze meses seguintes – e encerramos o ano com um número 60% superior, ou seja, os investidores estrangeiros apostaram US$ 63 bilhões no Brasil. Como diz o Estadão, “a realidade ganhou de goleada do mercado financeiro em 2011”.
Se os principais especialistas, aqueles que orientam as decisões do mercado, erram tanto, por que razão, todo início de ano, se arma o circo de apostas? Além disso, sabe-se que os orçamentos das empresas para o ano que se inicia já estão prontos desde outubro do ano anterior e que as previsões de janeiro têm pouca ou nenhuma influência nas escolhas dos gestores.
A resposta está na própria imprensa: há muito tempo o noticiário econômico vem sendo influenciado por um viés político que distorce a informação técnica. Além disso, persiste na maioria dos analistas uma visão parcial da economia, que não leva em conta certos fatores pouco tangíveis.
Um desses elementos é o chamado humor do mercado, ou seja, a disposição que os agentes econômicos manifestam para correr risco ou poupar recursos. Outro aspecto pouco considerado é a influência cada vez maior de elementos extraeconômicos no desempenho da economia – como, por exemplo, os fatores climáticos ou o estado de espírito de grupos sociais.
Numa sociedade altamente conectada, como é o ambiente em que vivemos, o analista precisa enxergar não apenas o aspecto linear das relações sociais e econômicas, mas também o conjunto das conexões e o todo da grande rede social.
Mas o mais provável é que a imprensa que conhecemos, por sua linguagem e seu formato limitados, não seja capaz de interpretar a complexidade do mundo contemporâneo.

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