quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

SAPECA DE CAMPO É APROVADA

Uma prática de 200 anos acaba de ser aprovada pela Assembleia Legislativa gaúcha. Trata-se da sapeca, espécie de queimada muito usada em municípios da Serra, Campanha e dos Campos de Cima da Serra para renovação de pastagens. A sapeca é aplicada na pastagem seca para eliminar plantas invasoras e remover touceiras em terrenos que não permitem o uso do trator. “O uso do fogo é cultural e não técnico”, diz o chefe do escritório da Emater de São Francisco de Paula, Luiz Messias.

Iniciativa dos deputados Giovani Feltes, Maria Helena Sartori e Edson Brum, todos do PMDB, o projeto que traz alterações no Código Florestal do RS (Lei nº 9519/92) foi aprovado por 28 votos, na quarta 21. Apenas os deputados do PT e PCdoB foram contrários. Líder da bancada do PMDB, Feltes lembrou que o tema já se arrastava há 15 anos. “Não podemos mais esperar e ver os campos comprometidos pelo avanço de pragas”, instigou ele.
A deputada Maria Helena Sartori salientou a mobilização dos produtores rurais e demais lideranças da região durante todo a tramitação do projeto. “É esta perseverança que está assegurando a aprovação ainda neste ano”, reconheceu a deputada. Ela acrescentou que a sapeca representa a revitalização dos campos. “Onde teve a sapeca, tem vida, tem pasto. Nas outras áreas, apenas macegas amarelas que o gado se recusa a comer”, descreveu.
O deputado Edson Brum (PMDB) salientou o histórico de luta para ver regulamentada a sapeca do campo, em especial o trabalho do deputado federal Alceu Moreira (PMDB) e do ex-deputado Francisco Áppio (PP). “A medida é para apoiar quem trabalha no campo e tira dali o sustento da sua família”, destacou o deputado.
Código - O uso controlado das queimadas encontra respaldo junto ao novo Código Florestal Brasileiro. O projeto, se aprovado pelo Senado, mantém o emprego do fogo nas atividades agropastoris ou florestais (art. 35), “sempre que as peculiaridades regionais ou locais justificarem a necessidade”, como por exemplo nos canaviais da região Sudeste do país. A legislação gaúcha já permite o recurso das queimadas no controle fitossanitário, como é o caso do combate ao serrador, uma praga que atinge as plantações da acácia negra.

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