quarta-feira, 22 de junho de 2011

UM CAMINHO DE MÃO DUPLA

Há uma velha e ilustrativa piada envolvendo dois surdos. Vendo o amigo caminhar com decisão, portando um anzol, um senhor com problemas de audição quis saber: vai pescar? Sem entender a pergunta, e lembrando de suas atividades como trabalhador, primeiro respondeu: não, eu vou pescar. O interlocutor concluiu a conversa, desculpando-se: imaginei que você ia pescar.

Menos mal que os dois tinham problemas auditivos. O pior é quando as pessoas não querem escutar. Dialogar implica falar e escutar. Quando os dois gritam e nenhum deles quer escutar, temos o diálogo dos surdos. Esse diálogo pode acontecer nas famílias, na política, na Igreja e até mesmo entre nações. Este ponto de vista parte da autossuficiência de quem se considera o dono da verdade e não precisa ouvir ninguém. Certo dia, uma criança tentou falar com o pai à mesa. Foi interrompida pela frase: agora coma! Mas pai, insistiu o garoto... Já falei, concluiu o pai, não quero ouvir nada agora. Pouco depois, um pouco arrependido, o pai voltou atrás e quis saber: o que você queria dizer, filho? Agora é tarde, responde este: queria preveni-lo que uma mosca caíra na sua sopa...
Dialogar, de alguma maneira, significa trocar de lugar com seu interlocutor, admitindo: quem sabe ele tenha razão. Algumas vezes, o professor deveria trocar de lugar com o aluno, o motorista deveria trocar de lugar com o pedestre, o patrão com o operário, o político com o eleitor, o padre com o fiel, o pai com o filho, o marido com a esposa. É um caminho de mão dupla.

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