quarta-feira, 22 de junho de 2011

MUDOU. AGORA É A IDADE DA LOBA.

Há apenas uma geração atrás se falava na Idade do Lobo, quando os homens de meia-idade contemplavam a própria Mortalidade, a sombra perturbadora da impotência, a velhice e o ocaso das próprias ilusões desfeitas na rotina do casamento e na rotina do emprego. A crise de meia-idade era representada no estereótipo do pai-de-família grisalho que comprava um automóvel de linhas esportivas, arrumava uma amante quinze anos mais jovem e, em alguns casos, buscava a separação conjugal.

Hoje em dia não se fala mais em crise de meia-idade masculina, como não se fala em homens de uma maneira geral. A mulher saiu do papel de coadjuvante da síndrome masculina para estrela da sua própria. Hoje se fala em Idade da Loba. As lobas fazem mais ou menos o que os lobos faziam, com a preocupação extra da Menopausa e a segunda grande tempestade hormonal das suas vidas, gerada pelo implacável processo de extinção dos mesmos.
Fui ver o filme de Julia Roberts, “Comer, Rezar e Amar”, baseado em livro homônimo. A personagem central é a própria loba, no âmago da sua crise. Ela começa a estória tendo o insight de que seu casamento tornou-se existencialmente estéril. Rompido o casamento, envolve-se ligeiramente com um jovem ator, e depois parte na sua jornada de auto-descoberta, tentando injetar sangue novo, vibração nova na sua existência entorpecida pelas certezas arraigadas. É interessante ver esse tipo de jornada do ponto de vista do universo feminino.
O Homem, essa criança, quando busca a si mesmo vai se entreter com seus brinquedos civilizatórios, Filosofia, Religião, Guerra. A mulher, ser prático, ela sim o verdadeiro repositório da Razão, recupera a identidade das coisas que dormem nos detalhes, o prazer da comida, dos sabores, dos relacionamentos, da experiência religiosa como encontro pessoal e não interpretação da Existência.
É imperativo constatar tudo isso, e viver de acordo, da melhor forma possível. Há uma transição em curso, motivada por transformações econômicas e culturais. Papéis estão sendo redefinidos. Surge uma era da supremacia feminina e não é a Era de Aquarius da contra-cultura dos anos 60. É um mundo ideal para corporações e mercados globais. Um mundo de Racionalidade onde a Humanidade pode prosperar em relativa Paz, refreados os impulsos guerreiros primitivos dos brucutus que somos nós, machos, mal escondidos dentro de ternos e gravatas. Talvez seja chegado o momento de transcender sexismos culturais. Nesse Matriarcado moderno, construir um modelo novo, onde as diferenças reais entre os sexos sejam apreciadas, e as diferenças falsas e arbitrárias deixem de ser barreiras à compreensão mútua.


Nenhum comentário:

Postar um comentário